terça-feira, 5 de julho de 2011

A doença mais antiga do mundo

Ilustr. medieval: Jó atingido pela lepra
A lepra, também chamada de hanseníase, morfeia, mal de Hansen ou mal de Lázaro, é uma doença infecciosa causada pelo bacilo Mycobacterium leprae que afeta os nervos e a pele e que provoca danos severos. O nome hanseníase é devido ao descobridor do microrganismo causador da doença Gerhard Hansen.

É chamada de "a doença mais antiga do mundo", porque afeta a humanidade há pelo menos 4000 anos e sendo os primeiros registros escritos conhecidos encontrados no Egito, datando de 1350 a.C.

Ela é endêmica (específica de uma região) em certos países tropicais, em particular na Ásia. O Brasil inclui-se entre os países de alta endemicidade de lepra no mundo. Isto significa que apresenta um coeficiente de prevalência médio superior a um caso por mil habitantes (MS, 1989).

Os doentes são chamados leprosos, apesar de que este termo tenda a desaparecer com a diminuição do número de casos e dada a conotação pejorativa a ele associada.

Características

* É uma doença contagiosa, que passa de uma pessoa doente, que não esteja em tratamento, para outra.
* Demora de 2 a 5 anos, em geral, para aparecerem os primeiros sintomas.
* Apresenta sinais e sintomas dermatológicos e neurológicos que facilitam o diagnóstico.
* Pode atingir criança, adultos e idosos de todas as classes sociais, desde que tenham um contato intenso e prolongado com bacilo
* Instala-se principalmente nos nervos e na pele.
* Pode causar incapacidade/ deformidades, quando não tratada ou tratada tardiamente.
* Tem cura.
* O tratamento é um direito de todo cidadão e está disponível gratuitamente em todas as unidades de saúde SUS.

História

Hipocrates utilizou pela primeira vez a denominação "léprêã" quando descreveu manchas brancas na pele e nos cabelos, porém em nenhum momento informou sobre manisfestações neuronais, provavelmente o mesmo estivessese referindo ao vitiligo. A denominação "léprêã" é utilizada na bíblia hebráica como "tsaraáth" tendo o significado de desonra, vergonha, desgraça. No Egito antigo, há referências a essa doença com mais de 3000 anos em hieróglifos (de 1350 a.C.).

A Bíblia contém passagens fazendo referência ao nome "léprêã", haja vista que este termo foi utilizado para designar diversas doenças dermatológicas de origem e gravidade variáveis. A antiga lei israelita obrigava os religiosos a saberem reconhecer a doença.

As descrições mais precisas da hanseníase datam de 600 anos a.C. (Tratado Médico Indiano de Sushrata Samhita denomina-a "Kushta") onde já eram descritos dois grupos principais: Vat Rakta o qual apresentavam manifestações predominantementes neurais e Aurun Kushta onde eram observadas caracteristicas virchowianas.

A hanseníase foi durante muito tempo incurável e muito mutiladora, forçando o isolamento dos pacientes em gafarias, leprosários em português do Brasil, principalmente na Europa na Idade Média, onde eram obrigados a carregar sinos para anunciar a sua presença. A doença deu, nessa altura, origem a medidas de segregação, algumas vezes hereditárias, como no caso dos Cagots no sudoeste da França.

No Brasil existiram leis para que os portadores de hanseníase fossem "capturados" e obrigados a viver em leprosários a exemplo do Sanatório Aimores em Bauru, SP, que após a revogação de lei "compulsória" tornou-se Instituto de dermatologia Lauro de Souza Lima, sendo hoje centro de pesquisa referência nacional em dermatologia e referência mundial em hanseníase.

Há também o Hospital do Pirapitingui (Hospital Dr. Francisco Ribeiro Arantes) e do Hospital Curupaiti em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. A lei "compulsória" foi revogada em 1962, porém o retorno dos pacientes ao seu convívio social era extremamente dificultoso em razão da pobreza e isolamento social e familiar a que eles estavam submetidos.

Epidemiologia

Além do Homem, outros animais de que se tem notícia de serem suscetíveis à hanseníase são algumas espécies de macacos, coelhos, ratos e o tatu. Este último pode servir de reservatório e há casos comprovados no sul dos EUA de transmissão por ele. Contudo a maioria dos casos é de transmissão entre seres humanos.

A hanseníase ataca hoje em dia ainda mais de 12 milhões de pessoas em todo o mundo. Há 700.000 casos novos por ano no mundo. No entanto em países desenvolvidos é quase inexistente, por exemplo a França conta com apenas 250 casos declarados.

Em 2000, 738.284 novos casos foram identificados (contra 640.000 em 1999). A OMS(Organizaçao Mundial de Saude) referencia 91 países afetados: a Índia, a Birmânia, o Nepal totalizam 70% dos casos em 2000. Em 2002, 763.917 novos casos foram detectados: o Brasil, Madagáscar, Moçambique, a Tanzânia e o Nepal representam então 90% dos casos de hanseníase. Estima-se a 2 milhões o número de pessoas severamente mutiladas pela hanseníase em todo o mundo.

Transmissão

A lepra é transmitida por gotículas de saliva. O bacilo Mycobacterium leprae é eliminado pelo aparelho respiratório da pessoa doente na forma de aerossol durante o ato de falar, espirrar ou tossir. Quase sempre ocorre entre contatos domiciliares, geralmente indivíduos que dormem num mesmo quarto.

A contaminação se faz por via respiratória, pelas secreções nasais ou pela saliva, mas é muito pouco provável a cada contato. A incubação, excepcionalmente longa (vários anos), explica por que a doença se desenvolve mais comumente em indivíduos adultos, apesar de que crianças também podem ser contaminadas (a alta prevalência de lepra em crianças é indicativo de um alto índice da doença em uma região).

Noventa por cento (90%) da população tem resistência ao bacilo de Hansen (M. leprae), causador da lepra, e conseguem controlar a infecção. As formas contagiantes são a virchowiana e a dimorfa.

Nem toda pessoa exposta ao bacilo desenvolve a doença, apenas 5%. Acredita-se que isto se deva a múltiplos fatores, incluindo a genética individual.

Indivíduos após 15 dias de tratamento ou já curados não transmitem mais a lepra.

Fonte; Wikipédia.