domingo, 16 de outubro de 2011

Escritor realista

O escritor novo, moderninho, todo bossa nova, em busca de uma nova maneira de enviar sua mensagem ao leitor, o escritor cheio daquela doença atual de querer complicar o óbvio, sentou às margens de sua máquina de escrever disposto a iniciar um romance que iria revolucionar a técnica literária e o estilo do romance no Brasil.

Colocou um papel branquinho na máquina e respirou profundamente. Sentia-se que o escritor novo estava às margens da criação genial. Sentia-se que aquele era um momento decisivo da história da literatura ocidental, como mais tarde julgaria Otto Maria Carpeaux.

O escritor novo que buscava a suprema originalidade olhou com ar superior para o papel branco à sua frente e começou a escrever: "João atravessou o relvado em direção a Maria, que corria para ele, de braços abertos. Enlaçou-a e disse...".

Aí o escritor novo parou um instante para pensar. Não lhe vinha de imediato a frase certa, definida, escorreita, que botaria na boca de seu personagem João. Acendeu um cigarro e ficou pensando um pouquinho.

Resolveu não forçar a barra. A inspiração teria que vir espontânea. Levantou-se, foi até à janela, espiou lá embaixo a plebe ignara que passava inocente, sem perceber que ali estava a espiá-la um grande escritor. Ficou ainda um pouquinho a respirar o ar fresco da tarde. Depois voltou à máquina, releu o que escrevera, mas não sentiu — mais uma vez — as palavras brotarem em sua mente para chegar ao papel.

O escritor foi até o banheiro, molhou um pouco a fronte com água fria e voltou para sua cadeira. Releu o que escrevera: "João atravessou o relvado em direção a Maria, que corria para ele, de braços abertos. Enlaçou-a e disse...".

Aí o escritor parara, sem achar a expressão certa, mas naquele momento ela lhe aflorava no cérebro, felizmente. E o escritor novo, moderninho e preocupado em ser diferente sorriu, para depois escrever:

— Eu te amo.

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Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto).
Fonte: O MELHOR DE STANISLAW - Crônicas Escolhidas - Seleção e organização de Valdemar Cavalcanti - Ilustrações de JAGUAR - 2.a edição - Rio - 1979 - Livraria José Olympio Editora

O leitão de Santo Antônio

O vigário rosado, gordo e satisfeito, queridíssimo dos paroquianos daquela cidadezinha, não teria maiores problemas para pastorar suas ovelhas, não fora o mistério do cofre de Santo Antônio. Era um povo quieto, sem vícios, cidade sem fofocas, salvo as pequeninas, entre comadres. E o bom padre controlava a coisa, ouvindo uma, perdoando outra, em nome de Deus.

Mas havia o mistério do cofre de Santo Antônio!

Tudo começou no dia em que o padre resolveu colocar, ele mesmo, uma notinha de vinte cruzeiros, novinha em folha, dessas que saem logo depois de uma revolução, em emissão especial para pagar as despesas democráticas. O padre notou que seus paroquianos não contribuíam muito para o cofre que ficava ao pé da imagem de Santo Antônio e então tratou de colocar ali a nota de vinte cruzeiros, na base do chamariz. Admitia a possibilidade de os fiéis, ao verem a contribuição "espontânea", contribuírem também.

E qual não foi a sua preocupação no dia seguinte, ao recolher as contribuições nos diversos cofres da igreja, notar que os vinte cruzeiros tinham ido pra cucuia? Alguém (e não fora Santo Antônio, evidentemente) passara no cofre antes do padre.

Aquilo era grave. Desde que fora designado para aquela paróquia, nunca soubera de um caso de roubo, em toda a cidade. Pelo contrário, a população orgulhava-se de dormir sem trancas. E agora surgia aquele problema. O cofre de Santo Antônio era o que ficava mais perto da porta e devia ser esta a causa de estar sempre vazio. O ladrão se viciara em roubá-lo. Devia estar fazendo isto há muito tempo, o que explicava a falta de óbolos, que o padre não sabia roubados até o dia em que resolveu incentivar os fiéis com a sua própria notinha de vinte.

Naquele domingo, preocupado com as conseqüências de seu sermão, o padre andava de um lado para outro, na sacristia. Tinha de arranjar um jeito de avisar ao ladrão que já era senhor de suas atividades, mas não devia magoar o povo com a notícia de que, na comunidade, havia um gatuno.

Isto poderia indignar de tal maneira a todos, que a vida pacata da cidadezinha ficaria comprometida pela indignação dos "sherlocks", pois é sabido que de médico e louco (e detetive), todos nós temos um pouco.

O padre fez o sinal-da-cruz e atravessou o átrio para dizer sua missa. Já tinha tudo planejado. Na hora do sermão, pigarreou e contou que Santo Antônio lhe aparecera em sonho, para agradecer a preferência de certo cristão daquela cidade, que sempre que podia deixava uma esmola gorda para os pobres e ainda "limpava" o cofre, possivelmente em sinal de contrição.

O sermão acabou e ninguém notou que o verbo "limpar" tinha sido usado com segundas intenções, mas o padre tinha certeza de que o ladrão se mancara. Mais cedo ou mais tarde viria contrito confessar-se. E — para reforçar sua tese — naquela tarde o cofre de Santo Antônio estava cheio de moedinhas.

Passaram-se alguns dias. Certa manhã o padre viu chegar o velho que tomava conta da estação. Era um negro forte, de cabelo grisalho, muito tranqüilo até a hora de largar o serviço, ocasião em que entrava na tendinha e enchia a cara. O negro chegou amparando uma bruta bandeja. Parou na frente do padre e explicou:

— Seu padre, eu também andei sonhando com Santo Antônio.

— Não me diga! — exclamou o padre, fingindo estranheza, mas já certo que aquele era o ladrão, com remorsos.

— Mas é verdade. Sonhei com Santo Antônio e soube que o santo anda com vontade de comer um leitãozinho. Eu estava engordando este aqui para o meu aniversário. Ele já está gordo e eu já tenho idade bastante para não comemorar mais nada.

Dito o que, descobriu a bandeja e apareceu o mais apetitoso dos leitõezinhos, assado em forno de lenha. O padre sentiu o cheiro gostoso do seu prato preferido. Mas agüentou firme e disse pro preto:

— Deixa a bandeja aí na sacristia que eu entrego o leitão pro santo.

O bom ladrão obedeceu. Deixou a bandeja e voltou para casa de alma leve. Mas o padre também era um excelente sujeito. Minutos depois, o menino que fazia as vezes do sacristão na igreja chegava à porta com um recado do padre:

— Seu vigário mandou dizer — falou o moleque — que Santo Antônio está de dieta, e que é pro sinhô ir comer o leitãozinho com ele, logo mais.

Foi um santo jantar.

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Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto).
Fonte: O MELHOR DE STANISLAW - Crônicas Escolhidas - Seleção e organização de Valdemar Cavalcanti - Ilustrações de JAGUAR - 2.a edição - Rio - 1979 - Livraria José Olympio Editora

Joi Lansing

Joi Lansing (Joyce Rae Brown), modelo, cantora de  boate e atriz de cinema e televisão, nasceu em Salt Lake City, Utah, EUA, em 06/04/1929, e faleceu em Santa Monica, California, EUA, em 07/08/1972. Filha de  Jack Glenn Brown, um vendedor de sapatos, e de Grace Virginia Brown, uma dona de casa. Ela viria a ser conhecida, também, como Joyce Wassmansdorff, que era o sobrenome de seu padrasto.

Por causa de sua boa aparência, ela estreou na carreira de modelo, adolescente ainda, e foi extremamente bem sucedida ao longo de 1940. Era natural que seus dotes físicos a levassem para a silver screen.

A carreira cinematográfica de Lansing teve início em 1948, onde fez papel de modelo em "The Counterfeiters" (1948), "Travessuras de Julia" (1948) e "Desfile de Páscoa" (1948). Estava com apenas 20 anos. Sua atuação não era exatamente perfeita no início, mas os produtores não se importavam - ela havia sido contratada por causa de sua aparência e seu corpo.

Em 1952, ela desempenhou um papel não creditado no filme "Cantando na Chuva", da MGM. Ela recebeu um salário superior no filme "Hot Cars" (1956). Na seqüência de abertura do filme de de Orson Welles "A Marca da Maldade" (1958), ela aparece como Zita, a dançarina que morre no final do famoso tiroteio, durante o qual sua personagem exclama a um guarda de fronteira: "não paro de ouvir este ruído insistente dentro da minha cabeça!".

Lansing teve um pequeno papel como a namorada de um astronauta no clássico de ficção científica "Queen of Outer Space", de 1958. Durante os anos 50, ela estrelou musicais de curta-metragem para o sistema Scopitone de jukebox. Suas canções incluem "The Web of Love" e "The Silencers".

Joi Lansing faleceu em 7 de agosto de 1972, vítima de câncer nos seios.


Filmografia

The Counterfeiters (1948)
Easter Parade (1948)
Julia Misbehaves (1948)
Blondie's Secret (1948)
Take Me Out to the Ball Game (1949)
Neptune's Daughter (1949)
The Girl from Jones Beach (1949)
In the Good Old Summertime (1949)
On the Riviera (1951)
Pier 23 (1951)
FBI Girl (1951)
Two Tickets to Broadway (1951)
Singin' in the Rain (1952)
The Merry Widow (1952)
The French Line (1954)
Son of Sinbad (1955)
Finger Man (1955)
Hot Cars (1956)
Hot Shots (1956)
The Brave One (1957)
Touch of Evil (1958)
Queen of Outer Space (1958)
A Hole in the Head (1959)
It Started with a Kiss (1959)
But Not for Me (1959)
The Atomic Submarine (1959)
Who Was That Lady? (1960)
Marriage on the Rocks (1965)
Hillbillys in a Haunted House (1967)
Bigfoot (1970)

Fontes: Memorial da Fama; Wikipedia.

Inger Stevens

Inger Stansland (mais tarde Inger Stevens), atriz, nasceu em Estocolmo, Suécia, em 18/10/1934, e faleceu em Hollywood, Califórnia, EUA, em 30/04/1970. Inger era uma criança insegura e sempre doente. Seus pais se divorciaram quando ela vivia ainda na Suécia e quando completou nove anos de idade, se mudou com seu pai para Nova York.

Quando tinha treze anos, eles se mudaram para Manhattan, Kansas, onde frequentou o colégio. Aos 16, ela saiu de casa e começou a trabalhar em Nova York como showgirl.

Ao mesmo tempo, ela estudava no famoso Actors Studio e aparecia em comerciais, peças e TV. Finalmente, em 1957, conseguiu sua grande chance no filme "Man on Fire" ao lado de Bing Crosby.

Muitos filmes vieram em seguida, mas seu maior sucesso foi na série de TV "The Farmer's Daughter" com William Windom e também em episódios de "Bonanza", "The Alfred Hitchcock Hour", "The Eleventh Hour", "Sam Benedict" e "The Twilight Zone". Ironicamente, em alguns papéis ela interpretava protagonistas que acreditavam estar vivas quando estavam na verdade mortas.

Depois que o seriado foi cancelado em 1966, Stevens se concentrou nos filmes. Seus mais conhecidos filmes foram "A Guide for the Married Man" (1967), "Hang´em High", "5Card Stud" e "Madigan", todos em 1968. Stevens tentou voltar para a TV em 1970 com a série "The Most Deadly Game" quando faleceu.

Inger em A Guide for the Married Man, de 1967
Seu primeiro marido foi seu agente, Anthony Soglio, com quem ficou casada de 1955 a 1957. De 1961 até sua morte, ela esteve secretamente casada com Ike Jones, um diretor negro americano. Também namorou Anthony Quinn, Bing Crosby, Dean Martin, Harry Belafonte e Mario Lanza, entre outros. Também namorou Burt Reynolds, pouco antes do seu suicídio.

Stevens foi encontratada deitada com o rosto no chão de sua cozinha na manhã de 30 de Abril de 1970, tendo tomado uma overdose de Tedral (combinação de teofilina, efedrina e barbitúricos), usualmente prescrita no tratamento de problemas respiratórios como asma, enfisema e bronquite, misturada ao alcóol.

Filmografia

Man on Fire (1957)
Cry Terror! (1958)
The Buccaneer (1958)
The World, the Flesh and the Devil (1959)
The New Interns (1964)
The Borgia Stick (1967, TV)
A Guide for the Married Man (1967)
A Time for Killing (1967)
Firecreek (1968)
Madigan (1968)
5 Card Stud (1968)
Hang 'Em High (1968)
House of Cards (1968)
A Dream of Kings (1969)

Televisão

Kraft Television Theatre (1 episode, 1954)
Robert Montgomery Presents (1 episode, 1955)
Studio One (3 episodes, 1954–55)
Crunch and Des (1 episode, 1956)
Matinee Theatre (1 episode, 1956)
Crusader as Alicia in "The Girl Across the Hall" (CBS, 1956)
Conflict (1 episode, 1956)
The Joseph Cotten Show, or On Trial (1 episode, 1956)
The Millionaire (1 episode, 1956)
Alfred Hitchcock Presents (1 episode, 1957)
Climax! (1 episode, 1957)
Playhouse 90 (2 episodes, 1956–59)
Bonanza (1 episode, 1959)
Sunday Showcase (1 episode, 1959)
Dick Powell's Zane Grey Theater (1 episode, 1960)
Moment of Fear (1 episode, 1960)
Checkmate (1 episode, 1960)
Hong Kong (1 episode, 1960)
The Twilight Zone (2 episodes, 1960)
The DuPont Show of the Month (1 episode, 1961)
Adventures in Paradise (1 episode, 1961)
The Aquanauts (1 episode, 1961)
The Detectives (1 episode, 1961)
Route 66 (2 episodes, 1960–61)
Follow the Sun (2 episodes, 1961)
The Eleventh Hour (1 episode, 1962)
Sam Benedict (1 episode, 1962)
Your First Impression (As herself, 1963)
The Alfred Hitchcock Hour (1 episode, 1963)
The Nurses (1 episode, 1963)
The Dick Powell Show (2 episodes, 1962–63)
Empire (1 episode, 1963)
The Farmer's Daughter (101 episodes, 1963–66)
The Most Deadly Game (1 episode, 1970)
The Mask of Sheba (1970)
Run, Simon, Run (1970)

Fontes: Wikipedia; As Mais Belas Atrizes do Mundo.

A belíssima Gene Tierney

Gene Tierney (Gene Eliza Tierney), atriz, nasceu no Brooklyn, Nova Iorque, em 20 de novembro de 1920, e faleceu em Houston, Texas, em 6 de novembro de 1991. Mulher belíssima, nascida em uma família de posses, estudou nas melhores escolas da costa leste americana e na Suíça.

Iniciou a carreira artística no teatro, em 1938. Seu primeiro filme foi "A Volta de Frank James" (The Return of Frank James), em 1940. Em 1941, casou-se com o estilista francês Oleg Cassini.

Nessa época, seu pai, a quem idolatrava, divorciou-se de sua mãe para casar-se com uma amiga da família. Pior ainda, responsável pelo controle de seus bens, ele gastou todas suas economias para salvar-se de fracassos financeiros. O valor: US$ 50.000.

Ao contrair rubéola na Alemanha, durante uma temporada para divertir as tropas americanas durante a II Guerra Mundial, Gene descobriu que estava grávida. A filha Daria nasceu com problemas mentais. Teve mais uma filha, Tina, mas seu casamento com Cassini terminaria em 1952.

Os filmes mais importantes de sua carreira foram "Tobacco Road" (1941), dirigido por John Ford; "Sundown" (1941), de Henry Hathaway; "The Shanghai Gesture" (1941), de Josef von Sternberg; "Heaven Can Wait" (1943), de Ernst Lubitsch; "Laura" (1944), de Otto Preminger; "Leave Her to Heaven" (1945), de John M. Stahl; "The Razor's Edge" (1946), com Tyrone Power e Anne Baxter; "The Ghost and Mrs. Muir" (1947), de Joseph L. Mankiewicz; "Whirlpool" (1949), de Otto Preminger; "Night and the City" (1950), de Jules Dassin; "On the Riviera" (1951), de Walter Lang; "Plymouth Adventure" (1952), com Spencer Tracy; "Never Let Me Go" (1953), com Clark Gable; "The Left Hand of God" (1955), de Edward Dmytryk; "Advise & Consent" (1962), com Henry Fonda; "Toys in the Attic" (1963), de George Roy Hill.

Em 1946 foi indicada ao prêmio Oscar da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas na categoria de melhor atriz pela atuação em "Leave Her to Heaven", de 1945. Tem uma estrela na Calçada da Fama, em 6125 Hollywood Blvd.

Sua última participação na indústria cinematográfica foi na minissérie televisiva "Scruples", em 1980.

Sua vida atribulada acabou resultando numa série de passagens por diversas clínicas psiquiátricas. Durante sua recuperação, conheceu W. Howard Lee, que estava se divorciando de Heddy Lamarr. Se casaram em 1960.

Gene cumpriu suas obrigações com Hollywood, teve alguns papéis na TV e retirou-se para uma tranquila aposentadoria, tendo participado de cerca de 30 filmes.

Faleceu aos 70 anos, em conseqüência de enfisema, em 6 de novembro de 1991.


Filmografia

1940 - A Volta de Frank James (The Return of Frank James)
1941 - O Entardecer (Sundown)
1941 - Formosa Bandida (Belle Starr)
1941 - Caminho Áspero (Tobacco Road)
1942 - Ódio no Coração (Son of Fury)
1943 - O Diabo Disse Não (Heaven Can Wait)
1944 - Laura (idem)
1945 - Amar foi minha Ruína (Leave her to Heaven)
1945 - Um Sino para Adano (A Bell for Adano)
1946 - O Fio da Navalha (The Razor's Edge)
1946 - O Solar de Dragonwyck (Dragonwyck)
1947 - O Fantasma Apaixonado (The Ghost and Mrs. Muir)
1948 - Impulso Irresistível (That Wonderful Urge)
1948 - Cortina de Ferro (The Iron Curtain)
1949 - A Ladra (Whirlpool)
1950 - Sombras do Mal (Night and the City)
1950 - Passos na Noite (Where the Sidewalk Ends)
1951 - Lágrimas de Mulher (Close to My Heart)
1951 - Mulheres em Perigo (The Secret of Convict Lake)
1951 - A Primavera do Amor/O Quarto Mandamento (The Mating Season)
1951 - Escândalos na Riviera (On the Riviera)
1952 - O Gaúcho (Way of a Gaucho)
1952 - O Veleiro da Aventura (The Plymouth Adventure)
1953 - A Fúria de um Bruto/Nunca Me Deixes Ir (Never Let Me Go)
1954 - A Viúva Negra (Black Widow)
1954 - O Egípcio (The Egyptian)
1955 - Do Destino Ninguém Foge (The Left Hand of God)
1962 - Tempestade sobre Washington (Advise and Consent)
1963 - Na Voragem das Paixões (Toys in the Attic)
1964 - Em Busca do Prazer (The Pleasure Seekers)

Fontes: Memorial da Fama; Wikipédia.

Welfare, o tanque inglês

O inglês Harry Welfare chegou ao Rio de Janeiro, em 1913, como professor do colégio Anglo-Brasileiro. Mas acabou mesmo foi dando lições de bola. Welfare já havia disputado a Liga inglesa pelo famoso time do Liverpool e, no Brasil, passou a defender a camisa do Fluminense. Nos nove campeonatos cariocas que disputou, construiu a fama de centroavante "tanque", por seu estilo impetuoso, forte e matador. Conquistou cinco vezes a artilharia no futebol carioca (1914 com oito gols; 1915 e 1917, ambos com dezoito; 1919 com 22; e 1922 com oito).

Henry Welfare (chamado carinhosamente de "Harry"), professor, atleta e treinador, nasceu em Liverpool, Inglaterra, em 20/08/1888, e faleceu em Angra dos Reis, RJ, em 01/09/1966. Chegou ao Rio de Janeiro no dia 9 de agosto de 1913 para cumprir um contrato de professor secundário com o Ginásio Anglo-Brasileiro, lecionando Geografia e Matemática. Logo depois foi levado para o Fluminense. Treinou de centro-avante no segundo time e agradou. Outro treino e, desta vez no primeiro time. Agradou mais ainda. Daí por diante foi uma verdadeira máquina de fazer gols.

Obteve a extrordinária média de quase um gol por partida, já que marcou 163 gols em 166 jogos, sendo o jogador que mais gols fez em uma única partida pelo Fluminense, 6 contra o Bangu na goleada por 11 a 1 em 9 de Dezembro de 1917, tendo conquistado o tricampeonato carioca em 1917, 1918 e 1919, fazendo 49 gols nestes três campeonatos.

Em 1920, o Fluminense o fez "Sócio Benemérito", título honroso que lhe deu o direito de ser membro perpétuo do Conselho Deliberativo do clube tricolor.

Welfare encerrou sua carreira após marcar o gol da vitória do Fluminense sobre o Botafogo no Torneio Início de 1924, não jogando a última partida em que o Fluminense ganhou por 1 a 0 do Flamengo, sagrando-se campeão.

Aqui o time do Fluminense em 1914, e Welfare é o primeiro da esquerda para a direita.

Morador do bairro da Gávea se deslocava de bonde ou a pé por mais de uma hora para treinar e jogar no Fluminense, sendo por isto um grande símbolo da época do amadorismo, onde além de não receberem remuneração pelos seus serviços, os jogadores mostravam imensa paixão pelo esporte e pelos seus clubes, com Welfare sendo um dos jogadores que melhor representaram as primeiras décadas do Fluminense. Era raro o dia que nenhum admirador se oferecia para levar a sua maleta.

Não temos dúvidas em afirmar que o professor inglês modificou muito o nosso futebol. Os maiores capítulos do futebol carioca, no tempo do amadorismo, foram escritos com letras ciclópicas por esse extraordinário jogador. Estabeleceu um padrão próprio com seu jogo inteligente, impetuoso, objetivo e realizador. Suas duas características principais eram o "rush" que espalhava terror nas zagas adversárias e o chute violento com qualquer dos pés. Além disso, fazia alarde de um excelente drible baseado no jogo de corpo e no controle de bola. Foi o pioneiro na "tabelinha". Ele dizia para os companheiros – " me dá a bola e corre a frente para receber novamente". Essa jogada foi aperfeiçoada pelos grandes jogadores.

O "Tanque inglês", conforme ficou conhecido posteriormente pelo seu físico privilegiado, pelos seus 1,90 m de altura, além de ser forte e de ter um estilo rompedor, numa época onde a média de altura das pessoas era bem menor. Certa vez, Mário Filho escreveu que "com Welfare o Fluminense usava uma metralhadora, enquanto seus adversários lutavam de espada".

Em 2006, mais de oitenta anos após abandonar os gramados como jogador, Welfare ainda é o maior artilheiro do confronto entre Fluminense e Botafogo, o Clássico Vovô, com 17 gols, à frente de Waldo (Flu) e Heleno de Freitas (Bota), ambos com dezesseis.

Fontes: Wikipedia; Revista Placar.

Friese, a marreta germânica

Hermann Friese - circa 1904
O primeiro artilheiro a causar sensação no futebol brasileiro foi o jovem alemão Hermann Friese, que chegou a São Paulo em 1903. Alto, corpulento e forte, Friese jogava em qualquer posição e "valia um time inteiro", como diziam os jornais da época. Na verdade, o alemão era um verdadeiro atleta. Na Europa, já havia se sagrado campeão nas corridas de curta (100 e 200 m) e média distância (1500 e 3000 m). Mas o que mais o destacava era sua capacidade de marcar gols. Foi artilheiro por três temporadas em São Paulo, em 1905 com catorze tentos, e em 1906 e 1907, ambas com seis. 

Georg Paul Hermann Friese, futebolista e atleta teuto-brasileiro, nasceu em Hamburgo, Alemanha, em 30/05/1882, e faleceu na cidade de São Paulo, SP, em outubro de 1945. Foi ao lado de Charles Miller e Hans Nobiling um dos mais importantes pioneiros de nosso futebol, sendo reconhecido como o primeiro craque a jogar no Brasil.

Em 1903 emigrou com 21 anos de idade da Alemanha para o Brasil e se afiliou ao Sport Club Germânia, equipe da colônia alemã radicada em São Paulo, fundada por Hans Nobiling. Como também tinha Friese e Nobiling o SC Germania 1887, antecedente do Hamburger SV, que mais tarde inspiraria o nome e as cores do uniforme do time brasileiro.

O alemão foi o artilheiro do Campeonato Paulista de Futebol de 1905 com 14 gols e campeão paulista pelo  Germânia em 1906 e 1915. A Crônica de O Estado de São Paulo, em 1903 lhe chamou de o "sensacional futebolistas de todos os tempos".  Deve-se ainda a Friese a introdução da jogada de corpo, chamada então de marreta, lance que provocou muitos protestos dos adversários.

Hermann foi também treinador da equipe em que surgiu em torno de 1909 o futebolista Arthur Friedenreich. O rapaz, que seria o primeiro gênio do futebol brasileiro, era filho de um imigrante e comerciante de Hamburgo e uma negra brasileira, e sendo mulato era proibido de fazer parte do clube. Foi graças à intervenção de Friese que se revogou tais proibições racistas.

Friese foi também árbitro de futebol chegando a conduzir finais do Campeoanto Paulista.

Já na Europa tinha Friese fama como atleta e em 1902 venceu os 1500 metros no campeonato alemão de atletismo. Em maio de 1907 ele foi o único atleta brasileiro em uma competição internacional no Uruguai e venceu em uma única noite corridas de 1500 metros e 800 metros, ficando em segundo na prova dos 400 metros.

Fontes: Wikipedia; Revista Placar.