quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Sonambulismo

O sonambulismo é um distúrbio benigno que ocorre na primeira das seis passagens de um sono profundo para um mais superficial: as funções motoras despertam, mas a consciência continua a dormir. Adicionado por uma pausa na respiração, por um barulho ou pelo próprio ronco, o corpo desperta.

Mesmo não estando acordada de verdade, a pessoa pode começar a andar e a falar. Normalmente a pessoa passa a se mexer durante o sono, senta-se na cama, levanta-se e sai andando, ainda dormindo. Sem o consentimento do cérebro, o indivíduo não faz nada muito complexo, mas é capaz de abrir portas e janelas, por exemplo.

Isto é, o sonâmbulo se movimenta, mas não sabe o que está acontecendo. Provocado por uma arritmia cerebral, geralmente hereditária, o sonambulismo ocorre em aproximadamente 20% das crianças de 3 a 10 anos, em média de uma vez por ano, e depois tende a desaparecer sem deixar vestígios.

Fonte: Brasil Escola.

Por que o papagaio aprende a falar?

Ao contrário do que muita gente imagina, os papagaios não são as únicas aves capazes de imitar a voz humana, além de outros sons. Todas as aves são capazes de fazê-lo, por que possuem uma membrana chamada seringe, que fica entre os pulmões e a traquéia permitindo assim a emissão de um número ilimitado de sons.

Mas os papagaios, anuns e gralhas, para citar apenas algumas espécies, são também seres extremamente sociais, vivem em bandos e costumam reunir-se à noite para, por meio do canto, trocar informações sobre alimentos, por exemplo. Quando, porém, são postos em cativeiro, sua comunicação é interrompida, "o que os deixa profundamente frustrados", explica o ornitólogo francês Jacques Veillard, da Unicamp.

Segundo ele, a única solução encontrada é imitar sons domésticos, como o ruído do telefone e as palavras mais comumentes ditas pelas pessoas.

Fonte: Superinteressante.

Os dez piratas mais famosos

Conheça dez piratas famosos que realmente existiram e escolha seu preferido:

Os irmãos Barbarossa (ou Barba-Ruiva)

Se você não sabe, “Rossa”, em italiano, significa vermelho, ruivo. E talvez os nomes Aruj e Hizir não sejam familiares para você, mas com certeza você já ouviu falar do famoso pirata Barba-Ruiva. Barbarossa foi o nome dado aos irmãos turcos pelos corsários europeus. Sua base era na África e eles atacavam várias cidades costeiras, se tornando os homens mais famosos da região.

Sir Francis Drake

Um dos mais famosos piratas que navegavam pelas águas do Caribe, Francis Drake (1540 - 27 de Janeiro 1596) era considerado um nobre por alguns (Rainha Elizabeth I da Inglaterra o condecorou cavaleiro em 1581) e um bandido por outros (Espanha). Ele navegou pelo mundo e derrotou boa parte da Armada Espanhola. Suas pilhagens pela costa do Caribe, especialmente nas colônias espanholas, representam uma das maiores quantias arrecadadas com a pirataria. Ele morreu de disenteria em janeiro 1596, depois de um mau ataque a San Juan, Porto Rico.

Calico Jack

Calico Jack Rackham foi o primeiro a usar o emblema “oficial” dos piratas – a bandeira com a caveira e duas espadas cruzadas (conhecida no Caribe antigo como Jolly Roger). Ele é mais conhecido pela associação com Anne Bonny e por sua “clássica morte pirata” do que por seus feitos e pilhagens. Ele foi capturado na Jamaica e, para servir de aviso para outros piratas, foi enforcado e pendurado em um lugar alto, hoje conhecido como Rackham’s Cay.

Henry Morgan

Morgan é tão popular que hoje existe uma marca de rum que carrega seu nome. Henry Morgan (País de Gales 1635 — Jamaica, 25 de agosto de 1688) foi um oficial que se coverteu em corsário, associando-se com o pirata holandês Eduard Mansvelt e tendo o governador da Jamaica, Thomas Modyford como protetor, saqueou grande parte do Caribe, principalmente o Panamá, na época uma colônia espanhola.

Capitão Kidd

William Kidd (Greenock, 22 de janeiro de 1645 - 23 de maio de 1701) Levado para o mar ainda criança, emigrou para a América do Norte, residindo em Nova Iorque. Possuiu o próprio navio e em 1689 distinguiu-se como capitão a serviço da Inglaterra contra a França e na captura de embarcações piratas. Mas, ao atacar embarcações islâmicas, no mar Vermelho, foi rechaçado por um navio inglês que fazia escolta à essa frota mercante. Depois de outros incidentes infelizes, foi considerado à margem da lei pelos ingleses, sendo então preso e enforcado como pirata. Até hoje persistem boatos sobre a localização do enorme tesouro que ele teria reunido nos anos de pirataria e enterrado em alguma ilha perdida.

Bartholomeu Roberts

Bartholomeu Roberts (1682 — 1722), também conhecido por Black Bart, foi um pirata dos primeiros anos do século XVIII que embora não sendo o mais famoso, foi o mais bem sucedido era de ouro da pirataria, nas águas africanas e caribenhas. Derrotou mais de 400 outros barcos em apenas quatro anos de pirataria. Era um homem de muito sangue frio e raramente deixava algum inimigo viver. Foi intensamente caçado pelo governo britânico e, por fim, morreu no mar.

Ching Shih

E quem disse que as mulheres não participaram ativamente da era de ouro da pirataria? Ching Shih foi capturada por piratas de um bordel cantonês e logo orquestrou seu caminho para a glória, se tornando uma das primeiras capitãs. Ela chegou a comandar uma frota com mais de cem navios e terminou a sua carreira em 1810, aceitando uma oferta de anistia do governo chinês. Ela manteve ainda seu barco, casou-se com o seu tenente e abriu uma casa de jogos. Morreu em 1844, com a idade de 69 anos.

Capitão Samuel Bellamy

Samuel Bellamy (23 de fevereiro de 1689 – 26 de abril de 1717), pirata  inglês, mais conhecido pela alcunha de  "Black Sam" Bellamy, apesar de ter morrido com apenas 28 anos, marcou seu nome na história pirata, capturando vários navios, incluindo o famoso Whydah Gally, um navio negreiro que vinha carregado com escravos e ouro. Ele tomou o Gally como seu “navio sede”, mas acabou morrendo com ele, em meio a uma enorme tempestade em 1717.

Anne Bonny

Já comentamos mais acima sobre Anne Bonny (8 de março de 1702 – possivelmente 22 ou 24 de abril de 1782), parceira de Calico Jack. Ela é a mais famosa pirata da história e dizem que era bonita, esperta e tão terrível como qualquer homem pirata. Ela era filha de latifundiários, mas abandonou sua vida tranqüila em 1700 e resolveu se tornar um “homem” do mar. Segundo a lenda, ela só foi poupada de ser morta com Calico Jack e com o resto de sua tripulação porque estava grávida (do próprio capitão).

Barba Negra

Barba Negra (Black Beard) se chamava na verdade Edward Teach (circa 1680 - Ocracoke, 22 de novembro de 1718). Ele era um corsário a ativo a favor dos ingleses, mas depois da Guerra da Sucessão Espanhola, se tornou pirata. Apesar da exuberância que ganhou o apelido dele, o aspecto mais proeminente da lenda de Barba Negra é o grande tesouro que teria sido enterrado por ele e que nunca foi encontrado. Porém, até hoje há dúvida de que o tesouro tenha existido. Sua embarcação foi encontrada em 1996 no litoral da Flórida, a uma profundidade aproximada de 10 metros; vários outros artefatos do navio foram resgatados, recuperados e conservados.

Fontes: HypeScience; wikipédia.

O furioso Nelsinho Motta

Depois do último Carnaval, passei uma semana escrevendo sobre o mesmo assunto. Meus amigos me chamam de "Flor de Obsessão".

Ainda ontem, recebo uma carta de Roma. E lá vinha escrito, no envelope, "Nelson Rodrigues" e, por baixo do nome: — "Flor de Obsessão". (Há, em tal metáfora, como que um odor de folclore havaiano. Mas isso é outra conversa). Meus amigos não exageram. Eu sou assim, e digo mais: — convivo muito bem com as minhas idéias fixas.

E a minha fixação, nos quatro dias de Carnaval, foi a nudez unânime. Imaginem uma cidade que se despia, e com a agravante: — não se despia para o namorado, noivo, marido ou lá o que fosse. Não. Um, apenas um, seria muito pouco para o seu impudor. (Hoje, a própria palavra "pudor" é tão antiga e irreal como, como... Vejamos uma palavra bem fora de moda. Já sei: — "supimpa". Aí está: — supimpa).

Mas as mulheres se despiam para milhões de telespectadores. Milhões.

Não saí de casa. Fundei a minha solidão diante do vídeo. E, de repente, aparece uma conhecida minha, aliás uma menina linda, linda. Um mês antes perdera o marido, um jovem aviador, moreno como um galã do neo-realismo italiano. O jato batera numa montanha e não restara do ser amado, para a viúva, um relógio, uma aliança, uma obturação. E, um mês depois, ela pôs um sarongue em cima da eterna saudade e levou a viuvez para sambar.

Por uma fúnebre coincidência, as câmeras não tiraram o olho da viúva. Ela apareceu duzentas vezes em cada dia. O rosto era lindo. Todavia, ninguém estava lá para promover rostos. E a televisão só mostrava o umbigo, vejam vocês, o umbigo da menina. Minto. Mostrava também uma pequena cicatriz de apendicite. E o umbigo e a cicatriz, ampliados, tinham uma dimensão miguelangelesca.

Depois do Carnaval, andei tendo sonhos hediondos. E, no pesadelo, era atropelado por milhões de umbigos, por milhões de cicatrizes. Eis o que eu queria dizer: — na série de artigos em torno da festa de nus disse eu o que me parece ser uma verdade eterna: — nada mais feio do que a nudez sem amor. O ideal seria que só o bem-amado pudesse ver um decote. Dirá alguém que o decote é tão pouco. Sei que é tão pouco. Mas só o bem-amado devia olhar o decote.

Escrevi mais: — como é triste e mesmo vil a nudez que ninguém pediu, que ninguém quis ver e que nenhum desejo explica. A Marilyn Monroe também se despiu para uma folhinha. Mas teve um preço, um cachê. Era um impudor mercenário. Mas parece mais vil a nudez de graça, a nudez sem gratificação. Foi mais ou menos isso que escrevi em três ou quatro artigos.

E, um dia, recebo a carta de uma leitora indignada. Começou por me chamar de "velho". Até aí nada demais, porque sou realmente uma múmia. Mas ela continua e logo percebo que não se trata de uma velhice de idade, mas de espírito. E dizia mais que só um velho podia-se interessar pela nudez feminina. Os jovens tinham mais em que pensar etc. etc. Achei a carta da leitora uma delícia rara.

Dois ou três dias depois, conversei com um clínico famoso. E ele estava apavorado. Disse-me que nota nas novas gerações um ressentimento contra o sexo, contra o amor e contra a mulher. Isso da parte dos homens. E as meninas têm a mesma aridez. Os jovens de ambos os sexos sentem o tédio antes do amor e esquecem antes da posse.

Vejam bem. Se a leitora e o médico têm razão, os únicos homens válidos são os velhinhos nostálgicos e espectrais da porta da Colombo. E os moços plásticos, elásticos, ornamentais da praia? Bem. Sempre me pareceu que, aos vinte anos, o sujeito não sabe nem como se diz "bom dia" a uma mulher. Simplesmente não sabe como tratar uma mulher. Mas no passado a vitalidade o salvava. Vitalidade talvez cega, talvez obtusa, talvez brutal. Mas, repito, essa vitalidade era alguma coisa. E, de repente, vêm a leitora e o médico e dizem: — só os velhos ainda se interessam por amor, só os velhos ainda se interessam por sexo.

A princípio, fiquei em pânico. Mais tarde, pensando melhor, cuidei que tinha sido um exagero da leitora e do clínico. Não era possível. E, no entanto, vejam vocês: — acabei de ler um prodigioso artigo de Nelsinho Motta. Sim, o escritor, o jornalista, o ensaísta, o sociólogo, o letrista, o homem de televisão. Não sei se vocês o conhecem. Se não conhecem, tentarei descrevê-lo, por dentro e por fora.

Fisicamente, é pálido e diáfano como Werther ou, se preferirem, como o Alfredo da Traviata. Não sei se o tal Alfredo tinha costeletas. Mas quero acreditar que, de costeletas, o Nelsinho seria o próprio.

Ainda no terreno da ópera, lembra também o pajem do Rigoletto. E, por dentro, é de uma fragilidade ideal. Sua estrutura psíquica não resistiria a um sopro de apagar velinha de aniversário. (Por um lapso indesculpável, eu ia-me esquecendo de um dado fundamental: — nunca foi à praia.

No momento em que cada brasileiro é moreno como um havaiano de Hollywood, a palidez do Nelsinho Motta faria o maior sucesso nos velhos folhetins.

E foi essa flor de biscuit que, subitamente, escreveu um artigo feroz. Imaginem um javali com todas as cerdas eriçadas. Assim é Nelsinho Motta na primeira e admirável fúria de sua vida. O pretexto foi a música popular.

O autor fala como jovem e em nome dos jovens. Os idiotas da objetividade diriam que a ira do Nelsinho (só comparável à de Zola) tem motivos menos nobres e estritamente competitivos. Mas vejamos.

Ele arrasa os compositores que pretendem "uma música pura, romântica, que eleve a alma"; e que querem impressionar as meninas (o que é o caso de todos os brasileiros vivos e mortos). Diz o caro Nelsinho que essa espécie está-se extinguindo. Com um pouco mais, estaremos todos desinteressados de meninas. Essa castração do homem brasileiro chega a ser comovente. Em tom épico, fala da juventude que lutou nas ruas de Paris. Mas que luta? Contra os paralelepípedos, contra os carros virados? Não houve uma cabeça quebrada, uma fratura, nada. E continua o Nelsinho.

Fala nas passeatas brasileiras. Realmente, as passeatas! Alguém viu um negro um operário, um roto, um esfarrapado? Mas o autor afirma que as passeatas vão salvar o Brasil. E, súbito, ele cita o Chico Buarque de Holanda e o inclui na lista dos jovens que não gostam de amor. Mas é falso. O Chico é o anti-Roda viva. A Banda é o anti-Roda viva. Não há autor mais lírico, e que toque mais às meninas, e mais terno, e mais "sentimentalóide", e mais "desvinculado do mundo em que vivemos". Aí está: — o vil e canceroso mundo em que vivemos não admite, segundo o Nelsinho, nem amor, nem sexo, nem mulher e, muito menos, homem.

E mesmo o Nelsinho, que é o próprio Werther. Como ele se explica, como ele se justifica? Mas, de qualquer maneira, acredita em passeatas.

Na próxima, ponha um negro na marcha; um operário; um esfarrapado; um torcedor do Flamengo; uma crioula dando o peito seco ao filhinho recém-nascido. Não me comove a passeata das classes dominantes.

É preciso tirar a fome brasileira de sua hedionda solidão.

[1/8/1968]

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A Cabra Vadia: novas confissões / Nelson Rodrigues; seleção de Ruy Castro. — São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

Quem não tem cão

Alegria, o comediante, mora num desses edifícios de duzentos apartamentos por andar, alguns dos quais sublocados. Alegria mora no 904 e não leva mais de dez segundos para descrever sua residência: tem um banheiro onde eu tomo banho (e faço o resto, naturalmente), mas que não dá para eu me enxugar, por falta de espaço. A outra peça é um quarto pequenino com uma bruta janela para o abismo. Enfim, apartamento ótimo para suicídio.

Noutro dia estava o Alegria deitado na sua cama-sofá, mais sofá do que cama, pois ele tem pouco tempo para dormir, olhando pela janela o céu lá fora, onde um urubu fazia evoluções, como a zombar da altura dos prédios modernos e do espaço que seus construtores reservam para quem os financia, e Alegria estava a invejar o urubu, quando a campainha tocou.

Alegria levantou-se, entrou de perfil no corredor (porque de frente não dá para trafegar no dito) e foi abrir a porta. Era um português.

Infelizmente o português não estava sozinho: vinha em companhia de um caixão de defunto. E explicou que estava ali a encomenda. Que encomenda? O caixão que encomendaram aqui neste endereço. E mostrou o papelzinho, onde se podia ler o endereço do Alegria.

— Eu não encomendei ainda o meu caixão — explicou o comediante. — Deve ser engano.

— Cavalheiro — começou o português. — Ninguém encomenda o próprio caixão. O senhor deve tê-lo encomendado para outra pessoa. A sua mãezinha, talvez — experimentou, tentando avivar a memória do Alegria.

— Minha mãe vai bem obrigado e eu moro sozinho, logo eu não encomendei caixão nenhum. O senhor já verificou noutros apartamentos?

— Cavalheiro — tornou a se explicar o portuga — este prédio tem mais cômodos que o Palácio de Versalhes (o português era versado em História Universal) e eu não posso estar de porta em porta, com um caixão de defunto debaixo do braço. O endereço que está aqui é seu, o caixão já está pago. Com licença... — e já ia se mandando.

— Um momento. O senhor não vai deixar isso aí na minha porta.

— Se o senhor quiser eu ajudo a botar aí dentro.

— Mas aqui não cabe mais nem minha saudade — confessou Alegria. — Que tal no banheiro? — propôs o lusitano, querendo ajudar.

— Meu amigo, você não conhece o meu banheiro. Eu escovo os dentes com as axilas apertadas, para não dar com o cotovelo na parede.

— "Antão" o jeito é deitarmos o caixão aí no seu corredorzito. E foi o jeito. Agora, além da cama-sofá, Alegria possui mais um móvel em sua residência: um caixão bar, onde guarda algumas garrafas de vinho Precioso, que lhe deram no Natal e ele ainda não teve ocasião de beber, por falta do que comemorar.

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Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto).
Fonte: O MELHOR DE STANISLAW - Crônicas Escolhidas - Seleção e organização de Valdemar Cavalcanti - Ilustrações de JAGUAR - 2.a edição - Rio - 1979 - Livraria José Olympio Editora