sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Testemunha tranqüila

O camarada chegou assim com ar suspeito, olhou pros lados e — como não parecia ter ninguém por perto — forçou a porta do apartamento e entrou. Eu estava parado olhando, para ver no que ia dar aquilo. Na verdade eu estava vendo nitidamente toda a cena e senti que o camarada era um mau-caráter.

E foi batata. Entrou no apartamento e olhou em volta. Penumbra total. Caminhou até o telefone e desligou com cuidado, na certa para que o aparelho não tocasse enquanto ele estivesse ali. Isto — pensei — é porque ele não quer que ninguém note a sua presença: logo, só pode ser um ladrão, ou coisa assim.

Mas não era. Se fosse ladrão estaria revistando as gavetas, mexendo em tudo, procurando coisas para levar. O cara — ao contrário — parecia morar perfeitamente no ambiente, pois mesmo na penumbra se orientou muito bem e andou desembaraçado até uma poltrona, onde sentou e ficou quieto:

— Pior que ladrão. Esse cara deve ser um assassino e está esperando alguém chegar para matar — eu tornei a pensar e me lembro (inclusive) que cheguei a suspirar aliviado por não conhecer o homem e — portanto — ser difícil que ele estivesse esperando por mim. Pensamento bobo, de resto, pois eu não tinha nada a ver com aquilo.

De repente ele se retesou na cadeira. Passos no corredor. Os passos, ou melhor, a pessoa que dava os passos, parou em frente à porta do apartamento. O detalhe era visível pela réstea de luz que vinha por baixo da porta.

Som de chave na fechadura e a porta se abriu lentamente e logo a silhueta de uma mulher se desenhou contra a luz. Bonita ou feia? — pensei eu. Pois era uma graça, meus caros. Quando ela acendeu a luz da sala é que eu pude ver. Era boa às pampas.

Quando viu o cara na poltrona ainda tentou recuar, mas ele avançou e fechou a porta com um pontapé... e eu ali olhando. Fechou a porta, caminhou em direção à bonitinha e pataco... tacou-lhe a primeira bolacha. Ela estremeceu nos alicerces e pimpa... tacou outra.

Os caros leitores perguntarão: — E você? Assistindo aquilo tudo sem tomar uma atitude? — a pergunta é razoável.

Eu tomei uma atitude, realmente. Desliguei a televisão, a imagem dos dois desapareceu e eu fui dormir.
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Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto).
Fonte: O MELHOR DE STANISLAW - Crônicas Escolhidas - Seleção e organização de Valdemar Cavalcanti - Ilustrações de JAGUAR - 2.a edição - Rio - 1979 - Livraria José Olympio Editora

Janet Leigh

Janet Leigh (Jeanette Helen Morrison), atriz, nasceu em Merced, California, em 06/07/1927, faleceu em Beverly Hills, Los Angeles, California, em 0/10/2004, e imortalizou-se no filme "Psicose" (Psycho), de 1960.

Filha única, inteligente e afoita, saltou vários anos na escola e acabou o secundário com apenas quinze anos. Um pouco solitária, passava a maior parte do seu tempo no cinema. Depois de se mudar para Stockton, na California, foi estudar música e psicologia na Universidade do Pacífico.

Janet no final dos anos 1940: o início.
Os pais trabalhavam num resort de ski, quando a ex-atriz da MGM Norma Shearer viu uma fotografia de Jeanette na recepção do resort, local de trabalho do pai. Norma levou a fotografia para os estúdios e lá, arranjaram-lhe um screen test e um primeiro papel em "The Romance of Rosy Ridge" (1947). Foi neste drama passado após a guerra civil americana, em que contracenou com Van Johnson, que o público teve pela primeira vez contato com a atriz.

Segundo se conta, foi Van Johnson que inventou o nome pelo qual Jeanette Morrison viria a ser conhecida no mundo do cinema como Janet Leigh. Esta, a início, não gostou da idéia, por ser semelhante à da atriz Vivien Leigh (do épico "E o Vento Levou").

Ainda na MGM fez "If Winter Comes" de Victor Saville, na qual desempenhava o papel de um jovem grávida de um soldado que parte para a guerra e que é acolhida por um homem casado e infeliz. "Words and Music" de, 1948 seria o seu terceiro filme: uma biografia sobre os compositores Rodgers e Hart, onde contracenava com nomes como Judy Garland, Mickey Rooney e Gene Kelly.

Foi no final dos anos 40, também uma época da transformação do Studio System, que Janet Leigh foi construindo uma imagem de menina ingênua. Com 20 anos contracena com Robert Ryan e Van Heflin em "Act of Violence" de Fred Zinemann, um melodrama sobre um ex-soldado que após a guerra tenta vingar-se de um informante de um dos campos de prisioneiros. Ainda no mesmo ano de 1948, protagoniza um dos filmes da popular cadela Lassie, "Hills of Home".

No ano seguinte, tem o seu primeiro grande sucesso, "Little Women" (no Brasil, "Quatro destinos"), de Mervyn LeRoy, adaptação da famosa novela de Louise May Alcott. Nesta obra, Janet desenvolveu uma enorme cumplicidade com as suas "irmãs" Elizabeth Taylor, June Allyson e Margaret O’Brien.

Em The "Red Danube", de George Sidney, Janet é uma bailarina russa que tem de voltar contra vontade, ao seu país após ter se estabelecido na Viena do pós-guerra. Em seguida faz "Doctor and the Girl" de Curtis Bernhardt, um drama com Glenn Ford no papel de um médico que deseja ajudar os pobres e desfavorecidos.

Baseado no romance "A Man of Property" de John Galsworthy, seu próximo filme foi "That Forsythe Woman", um drama de época com um elenco fabuloso: Errol Flynn, Greer Garson, Walter Pidgeon e ela. Os últimos filmes de 1949 são "Hollyday Affair" de Don Hartman com Robert Mitchum, sobre uma jovem viúva que se apaixona por um vendedor de brinquedos e ainda "How to Smuggle a Hernia Across the Boarder" de Jerry Lewis.

Em 1950, a atriz conhece Tony Curtis, também ele uma estrela em ascensão. Ambos começam a namorar, e nesse período a atriz abraça sobretudo comédias e musicais aproveitando o seu ar imaculado e bem disposto. Após o casamento com Curtis no ano seguinte, a sua imagem vai ganhar cores de sedução e sensualidade.

Em 1951, retoma a sua carreira com  as comédias "Strictly Dishonorable" e "Angels in the Outfield".  Em "Two Tickets to Broadway", é Nancy Peterson, uma moça do interior que vem tentar a sorte em Nova Iorque. "It’s a Big Country" é o último filme de 1951, um drama em diferentes episódios dirigido por vários realizadores.

Em 1952, Leigh faz "Just This Once", de Don Weis, uma comédia na qual a atriz faz uma advogada que tem de controlar os gastos de um milionário, protagonizado por Peter Lawford. Segue-se "Scaramouche", aventura de George Sidney no qual Stewart Granger e Mel Ferrer lutam pelo amor de uma mulher. "Fearless Fagan", de Stanley Donan, é considerado o pior filme de Janet Leigh. Neste, um leão vai criar problemas a uma jovem cantora que deseja visitar um acampamento militar.

Em seguida vem um dos melhores papéis da carreira da atriz, "The Naked Spur" (1953), de Anthony Mann, um western intenso e psicológico, James Stewart é um caçador de recompensas que tenta trazer à justiça um criminoso foragido, interpretado por Robert Ryan. Leigh desempenha o papel de filha de um assaltante de bancos, que o criminoso acolhe na sua quadrilha e que faz lembrar Stewart de uma mulher que amou.

"Confidentially Connie" é um drama sobre um pobre professor e a sua mulher que não têm dinheiro para comer carne apesar do pai dele ser dono de um importante rancho.

Mais típico dos seus filmes dos anos 50 foi "Houdini", de George Marshall no qual contracenou com o marido Tony Curtis. Foi o primeiro dos cinco filmes em que contracenaram juntos. O filme acompanha a vida do casal Houdini embora de uma forma muito estilizada à Hollywood. Segue-se "Walking My Baby Back Home", uma obra sobre músicos amadores.

O primeiro filme de 1954 é "Prince Valiant", um filme de aventura com Robert Wagner encarnando um jovem príncipe viking que ajuda o Rei Artur a lutar contra a traição em seu reino. Segue-se "Living it Up", uma comédia divertida com Jerry Lewis e Dean Martin. Ainda do mesmo ano são "The Black Shield of Falworth", o segundo trabalho com o marido num filme de aventuras sobre cavaleiros e duelos, e "Rogue Cop", um noir com Robert Taylor, sobre um detetive que vai para o lado da crime.

Em 1955, dois outros títulos menores: "Pete Kelly’s Blues", uma comédia sobre músicos de jazz que se envolvem com a máfia, e "My Sister Eileen", um musical onde Leigh contracenaria com Jack Lemmon. Em 1956 protagoniza "Safari", um filme de aventuras de Terence Young sobre um caçador, Victor Mature, que se apaixona pela mulher do seu empregado. No ano seguinte faz "Jet Pilot", o encontro de Leigh com o mestre austríaco Josef Von Sternberg. Trata-se de um filme de aventuras em que uma aviadora russa e um piloto americano, John Wayne, se perdem de amores um pelo outro.

Após anos, o público tinha de Janet a idéia de uma atriz competente mas mediana, sem grande brilho. Mas isso iria mudar com A "Marca da Maldade" (1958), de Orson Welles, um das mais famosas obras da história do cinema. É uma mulher que foi de lua de mel para o México com o seu marido, Ramon Vargas (Charlton Heston). Lá vêem-se envolvidos numa investigação de um assassinato que poderá comprometer a dignidade da polícia local. Este thriller noir modificou a imagem de Janet Leigh. É a primeira personagem da atriz cheia de carga sexual.

Psycho, 1960: a cena no chuveiro.
Antes ainda daquele que é reconhecido como o seu mais popular trabalho (Marion Crane, em "Psicose" - 1960 -, de Alfred Hitchcock), Janet viria a protagonizar ainda três filmes. São eles "The Vikings", de 1958, com Tony Curtis e Kirk Douglas, "The Perferct Furlough" (1959), de Blake Edwards, também com Curtis, e, finalmente, "Who Was That Lady?", de George Sidney com Curtis e Dean Martin.

Assim, foi sem surpresa que em 1960 Janet foi escolhida para interpretar o papel de Marion Crane no thriller "Psicose", uma adaptação de uma novela de Robert Bloch que por sua vez se baseava nas atrocidades do famoso psicopata Ed Gein.

Janet ficou sobretudo conhecida pelo seu assassinato no chuveiro, cena que a colocou instantaneamente nos anais da história do cinema. Algo que a fez nunca mais tomar duchas e tomar banho de imersão sempre de porta aberta. Por esta interpretação a atriz recebeu a única nomeação para o Oscar de melhor Atriz (coadjuvante/secundária).

Em 1962, Janet protagonizaria outra das obras que ficariam marcadas a ouro na sua carreira. Em "The Manchurian Candidate" de John Frankenheimer, contracenaria com Frank Sinatra, Laurence Harvey e Angela Lansbury. Trata-se de uma obra de ação profética, pois lidava com a lavagem cerebral por parte do exército chinês de soldados americanos para que assassinassem o candidato presidencial americano. Da ficção à realidade foi um passo, e no ano seguinte, o presidente Kennedy foi morto em Dallas. Janet acabara de se separar de Tony Curtis, e, ironicamente, na pequena cena em que a atriz protagoniza no início do filme, num bordel, há uma moça coreana que está a ler uma revista que tem Tony e Janet na capa, como feliz casal. Após 10 anos de casamento, a união com Curtis chegava ao fim. O resultado eram duas filhas: Jamie Lee Curtis e Kelly Lee.

No ano seguinte, houve o regresso à comédia musical com "Bye Bye Birdie", do já "cúmplice" George Sidney. Tratava-se de uma adaptação de um êxito da Broadway mas na qual estava já implicito um maior destaque dado à adolescente Ann-Margret. A partir daqui a sua carreira sofreu um notável abrandamento, mais por decisão própria do que imposta. Assim, resolveu dedicar-se às duas filhas e ao recente marido, o corretor da bolsa Robert Brandt, com o qual se manteve casada até ao fim. Ainda em 1963 faz uma comédia "Wives and Lovers" sobre um escritor frustrado, cujo inesperado sucesso vai afetar a sua relação conjugal. No resto dos anos sessenta, setenta e oitenta, Janet Leigh vai sobretudo dedicar-se à televisão aparecendo em inúmeras séries.


Destaque ainda para "The Fog", de John Carpenter, já de 1980, uma obra de terror que vai juntar pela primeira vez mãe e filha, Jamie Lee Curtis. Voltariam a encontrar-se vinte anos depois em "Halloween H20: 20 years later de Steve Miner", uma filme que retoma a carnificina de Michael Myers duas décadas depois.

O seu último trabalho foi "Bad Girls from Valley High", um filme produzido em 2004 e lançado no ano seguinte, ou seja, 2005, após sua morte.

Janet Leigh faleceu aos 77 anos em Beverly Hills. A causa da morte, dizem, foi vasculite, uma doença que contraíra há pouco tempo. Esta foi também uma fase da sua vida na qual escreveu a sua autobiografia "There Really Was a Hollywood", um filme sobre a feitura de "Psycho" intitulado "Behind tyhe Scenes of a Classic Chiller" e ainda um romance, "House of Destiny".

Filmografia

The Romance of Rosy Ridge (1947)
If Winter Comes (1947)
Act of Violence (1948)
Hills of Home (1948)
Words and Music (1948)
Holiday Affair (1949)
Little Women (1949)
The Red Danube (1949)
That Forsyte Woman (1950)
Angels in the Outfield (1951)
Scaramouche (1952)
Just This Once (1952)
Confidentially Connie (1953)
The Naked Spur (1953)
Houdini (1953)
Walking My Baby Back Home (1953)
Prince Valiant (1954)
The Black Shield of Falworth (1954)
Living It Up (1954)
Rogue Cop (1954)
Pete Kelly's Blues (1955)
My Sister Eileen (1955)
Jet Pilot (1957)
Touch of Evil (1958)
The Vikings (1958)
The Perfect Furlough (1959)
Psycho (1960)
Who Was That Lady? (1960)
Pepe (1961)
The Manchurian Candidate (1962)
Bye Bye Birdie (1963)
Wives and Lovers (1963)
Three on a Couch (1966)
Harper (1966)
Kid Rodelo (1966)
Grand Slam (1967)
Hello Down There (1969)
Night of the Lepus (1972)
One Is a Lonely Number (1972)
Columbo: Forgotten Lady (TV) (1975)
Boardwalk (1979)
The Fog (1980)
Psycho II (1983) (flashback)
Terror in the Aisles (1984) (pequena aparição)
Psycho III (1986) (flashback)
Halloween H20: 20 Years Later (1998)
Bad Girls from Valley High (2005 - filmado em 2004)

Fonte: Wikipédia.

Capitão Barba Ruiva

Khayr al-Din - gravura sec. XV
Khizr (ou Khayr al-Din) nasceu em 1470 e morreu em 1546, e era o famoso capitão Barba Ruiva (Barbarossa). Ele nasceu numa ilha de Lesbos, Grécia e comandava o navio com seu irmão mais velho, Arúj e seu outro irmão, Ishaq. Quando navegavem juntos, eles eram conhecidos como "Os Irmãos Barbossa".

Ele se tornou pirata mais temido do Mar Mediterrâneo, ele e seus companheiros cercavam e saqueavam os navios do Sultão Selim. Contrariado quanto a isso, Selim decidiu dar-lhe o poder sobre Argel. Alguns dizem que o que Khizr mais queria era conquistar cidades africanas.

Porém, houve um ataque ao navio deles, que resultou na morte de Ishaq e Arúj foi feito prisioneiro pelos invasores. O capitão Arúj escapou e conseguiu reencontrar Khizr. Algum tempo depois, após a morte de Arúj, sem ninguém para ajudá-lo a comandar o navio, ele não teve outra escolha, senão abandonar a pirataria. Desta foma, ele se uniu aos turcos, que lhe cederam reconhecimento como governador da Argélia e cadeiras no Conselho Nacional (Divã).

Nos anos seguintes, durante o governo de Solimão, o Magnífico, durante o esforço de integração das nações islâmicas, o califa o entrega o cargo de capitão dentro da Armada Otomana.

Neste período, o capitão genovês Andrea Doria, a mando do imperador Carlos V, executou diversos cercos à costa Otomana; no comando de diversos e sucessivos contra-ataques, Khizr conseguiu grande prestígio dentro das esferas militares otomanas. Em 1532 praticamente toda a costa ocidental do Mediterrâneo sofreu ataques coordenados por Khizr; a marinha da Sacra Liga estava acuada, enquanto Andrea Doria buscava uma reação.

Em 1534, Khizr é promovido ao cargo de comandante da armada otomana (Kaptan-i-Deria), tendo sido recebido por Solimão no Topkaki, além de ser nomeado Beyerbey do Norte da África e Sancak (governador) de Rodes e Eubéia.

Tendo o comando da Armada Otomana, Khizr promoveu diversas ações militares, que culminaram na esmagadora derrota da armada da Sacra Liga na Batalha de Preveza (1538), sob o comando de Andrea Doria, e que trouxe, como conseqüencia, a hegemonia otomana sobre o mediterrâneo pelos 33 anos que se seguiram.

Fonte: Wikipédia.