terça-feira, 1 de novembro de 2011

Paulette Goddard

Paulette Goddard (Pauline Marion Goddard Levy), atriz e modelo americana, nasceu em Nova Iorque, em 03/06/1910 (ou por volta de 1910, não há um consenso sobre a data), e faleceu em Ronco sopra Ascona, Suíça, em 23/04/1990.

Foi famosa por seus filmes pela Paramount Pictures nos anos 40, e pelos seus casamentos com homens notáveis: Charles Chaplin, Burgess Meredith e Erich Maria Remarque.

Seu pai, Joseph Russell Levy, era judeu, e sua mãe, Alta Mae Goddard, era da igreja episcopal. Divorciaram-se quando Paulette ainda era jovem, ficando ela aos cuidados da mãe. O pai praticamente desapareceu de sua vida, ressurgindo posteriormente, no final de 1930, depois que ela se tornou uma estrela.

Inicialmente pareciam ter bom relacionamento, e assistiam juntos as estréias dos filmes, mas depois ele alegou em mais de um artigo de revista que ela o abandonou quando jovem. Eles nunca se reconciliaram e, após a sua morte, ele lhe deixou apenas um dólar em seu testamento.

Paulette frequentou a Washington Irving High School, em Manhattan, ao mesmo tempo que Claire Trevor, após o que decidiu se dedicar ao mundo artístico. Charles Goddard a ajudou a encontrar trabalhos como modelo, em especial com o Ziegfeld Follies, como uma das “Ziegfeld Girls” entre 1924 e 1928.

Conseguiu participar do grupo de coristas ao alegar ter nascido em 1905, o que lhe conferia cinco anos a mais e a possibilidade de atuar nos palcos da Broadway, aos 15 anos de idade. Sua estréia nos palcos foi na revista de Ziegfeld “No Foolin”, em 1926, e desempenhou um pequeno papel em “Rio Rita”.

No ano seguinte, fez sua estréia no palco atuando em “The Unconquerable Male”. Ela também mudou seu primeiro nome para Paulette, e adotou o nome de solteira de sua mãe (que também era o sobrenome do seu tio favorito Charles) como seu próprio sobrenome.

Paulette casou pela primeira vez aos 16 anos de idade, com o industrial do setor madeireiro Edward James. Em 1929, ainda casada, foi contratada por Hal Roach como extra. Em 1931, depois de se divorciar, foi para Hollywood e participou do grupo “Goldwyn Girls”, nas comédias musicais de Eddie Cantor, produzidas por Goldwyn: “O garoto da Espanha", “Escândalos Romanos" e “Cai, Cai, Balão".

Em 1932, conheceu Charles Chaplin, que a convidou para integrar o elenco de "Tempos Modernos" (1936), filme de grande sucesso na época. A sua carreira, contudo, não decolou devido aos comentários sobre seu relacionamento com Chaplin. Casaram-se secretamente nesse mesmo ano, acabando por se separar em 1940.

Ainda antes do lançamento de "The Great Dictator" (O Grande Ditador), de Chaplin, em 15 de abril de 1940, Paulette trabalhou em “The Young in Heart” (Jovem no Coração) (1938), de David O. Selznick, “Dramatic School” (Escola Dramática) (1938), da Metro Goldwyn Mayer e “The Women” (As Mulheres) (1939).

Em "Tempos Modernos" (1936), com Chaplin
Pelo papel de "Miriam Aarons" em “The Women”, foi contratada pelos estúdios Paramount Pictures. Ficou na Paramount até 1949, fazendo 21 filmes, e sendo emprestada para outros estúdios. Os anos 40, foram o período em que mais trabalhou. Após "O Grande Ditador" (1940), participou em "Vendaval de Paixões" (1942), de Cecil B. DeMille e contracenou com Burgess Meredith em "Segredos de Alcova", de 1946.

Foi indicada para o Oscar uma única vez, na categoria de "Melhor Atriz Secundária" por "So Proudly We Hail!" (A Legião Branca), de 1943, e seu filme de maior sucesso foi "Kitty" (1945), onde interpretou o papel título.

No início dos anos 40, era uma das estrelas top contradas pela Paramount. No final dos anos 40, entrou em declínio, tendo sido dispensada em 1949. Após sair da Paramount fez, entre 1949 e 1954, oito filmes como “free-lance”, entre eles “Anna Lucasta” (1949) e “The Torch” (Do Ódio Nasce o Amor) (1950).

Após atuar em alguns filmes B, abandonou o cinema e foi viver para a Europa, onde casou com o escritor alemão Erich Maria Remarque, no final da década de 1950. Só voltou a filmar em 1972, num filme para televisão "The Snoop Sisters".

Paulette foi uma das muitas atrizes que fez o teste para o papel de "Scarlett O'Hara", protagonista do filme Gone with the Wind, de 1939, papel que acabou ficando para Vivien Leigh. No mesmo ano atuou com Bob Hope em "The Cat and the Canary" (O Gato e o Canário), um filme considerado bom, mas nunca à altura de Gone with the Wind.

Após a morte de Remarque, com quem vivia longe do cinema nos arredores de Lugano, ao sul da Suíça, Paulette dedicou-se aos negócios com jóias. Ainda aceitou um papel, a de mãe de Claudia Cardinale em "Gli Indifferent" (Os Indiferentes), filme italiano. Seu último filme, feito para televisão, foi "Snoop Sisters" (também conhecido como "Female Instinct"), para a MTV, em 1972, dirigido por Leonard B. Stern, ao lado de Helen Hayes, Mildred Natwick, Craig Stevens e Jill Clayburn, fazendo um pequeno papel de uma estrela assassinada.

Goddard foi tratada de câncer de mama, aparentemente com sucesso, embora a cirurgia tenha sido muito invasiva e que o médico teve de retirar várias costelas. Mais tarde, ela se estabeleceu em Ronco sopra Ascona, na Suíça, onde morreu após uma doença de curta duração (supostamente) enfisema vários meses antes de seu aniversário de 80 anos. Ela está enterrada no cemitério Ronco, ao lado de Remarque e sua mãe.


Filmes

The Snoop Sisters (1972) (TV)
Indifferenti, Gli (1964)
The Phantom (1961) (TV)
The Stranger Came Home (1954)
Charge of the Lancers (1954)
Paris Model (1953)
Sins of Jezebel (1953)
Vice Squad (1953)
Babes in Bagdad (1952)
The Torch (1950)
Anna Lucasta (1949)
Bride of Vengeance (1949)
Hazard (1948)
On Our Merry Way - Tudo pode acontecer (1948)
An Ideal Husband (1947)
Unconquered - Os inconquistáveis (1947)
Suddenly, It's Spring (1947)
The Diary of a Chambermaid - Segredos de Alcova (1946)
Kitty (1945)
I Love a Soldier (1944)
Standing Room Only (1944)
So Proudly We Hail! - Legião Branca (1943)
The Crystal Ball (1943)
The Forest Rangers (1942)
Reap the Wild Wind - Vendaval de Paixões (1942)
The Lady Has Plans (1942)
Nothing But the Truth - 24 horas sem mentir (1941)
Hold Back the Dawn (1941)
Pot o' Gold (1941)
Second Chorus - Amor da minha vida (1940)
orth West Mounted Police - Legião de Heróis (1940)
The Great Dictator - O grande ditador (1940)
The Ghost Breakers - O castelo sinistro (1940)
The Cat and the Canary - O gato e o canário (1939)
The Women - As mulheres (1939)
Dramatic School - Escola dramática (1938)
The Young in Heart - Jovem no Coração (1938)
The Bohemian Girl - A princesa boêmia (1936)
Modern Times - Tempos modernos (1936)
Kid Millions (1934)
Roman Scandals - Escândalos romanos (1933)
The Bowery - O Bamba da Zona (1933)
The Kid from Spain - Meu boi morreu (1932)
Girl Grief (1932)
Pack Up Your Troubles (1932)
Show Business (1932)
The Mouthpiece (1932)
Ladies of the Big House (1931)
The Girl Habit (1931)
City Streets (1931)
The Locked Door (1929)
Berth Marks (1929)

Fontes; Wikipédia; Cinema Clássico.

Priscilla Lane

Priscilla Lane (Priscilla Mullican), atriz e cantora americana, nasceu em Indianola, Iowa, no dia 12 de Junho de 1915 e faleceu em Andover, Massachusetts, no dia 04 de abril de 1995.

Estudou na Escola Eagin de Arte Dramática em Nova York antes de excursionar com suas irmãs, também cantoras, Rosemary, Lola e Leotta Lane. Quando já era um cantora popular, assinou um contrato com a Warner em 1937.

Seu primeiro filme foi "Varsity Show" (1937) onde interpretou uma cantora. A partir daí, se especializou em papéis de namoradas, filhas e noivas. Na maioria dos seus filmes, tudo que Priscilla precisava fazer era mostrar a sua beleza e ter uma atuação discreta.

Priscilla fez "The Roaring Twenties" (1939), ao lado de James Cagney e "Arsenic and Old Lace" (1944), ao lado de Cary Grant.

Quando Alfred Hitchcock não conseguiu Barbara Stanwyck para atuar no filme "Saboteur" (1942), ele a chamou. Naquela época sua carreira já caminhava para o fim e ela atuaria em mais alguns filmes, se retirando em 1948.

Após sua saída de Hollywood, casou-se pela segunda vez com Joseph Howard, oficial da força aérea americana e mudou-se para vários lugares. Com ele, Lane teve quatro filhos.

Em 1951 ela mudou-se para Nova Inglaterra e se estabeleceu como dona de casa ao lado de sua família. Priscilla Lane faleceu em 1995, vítima de câncer no pulmão.

Filmes

Four Mothers, 1941
Bodyguard (1948)
Fun on a Week-End' (1947)
Arsenic and Old Lace (1944)
The Meanest Man in the World (1943)
Silver Queen (1942)
Saboteur (1942)
Blues in the Night (1941)
Million Dollar Baby (1941)
Four Mothers (1941)
Three Cheers for the Irish (1940)
Brother Rat and a Baby (1940)
Four Wives (1939)
The Roaring Twenties (1939)
Dust Be My Destiny (1939)
Daughters Courageous (1939)
Yes, My Darling Daughter (1939)
Brother Rat (1938)
Four Daughters (1938)
Cowboy from Brooklyn (1938)
Men Are Such Fools (1938)
Love, Honor and Behave (1938)
Varsity Show (1937)

Fontes: Cinema Clássico; Wikipédia.

Origem das expressões - I

Feito nas coxas - Esta expressão é usada para se referir a coisas mal feitas. No Brasil as primeiras telhas de barro eram moldadas pelos escravos em suas próprias coxas e isto ocasionava mal encaixe de uma tenha sobre outra, ou seja, eram feitas de qualquer jeito.

Voto de Minerva - Na mitologia grega, Orestes, filho de Clitemmestra, foi acusado de tê-la assassinado. No julgamento houve empate e coube à deusa Minerva, da Sabedora, o veredito fianl. O réu foi absolvido, portanto o voto de minerva significa o voto decisivo.

Ficar a ver navios - Significa ficar sem nada. Dom Sebatião, rei de Portugual, havia morrido na batalha de Alcácer- Quibir, mas seu corpo nunca foi encontrado. Por esse motivo, o povo português se recusava a acreditar na morte do monarca. Era comum as pessoas visitarem o Alto de Santa Catarina, em Lisboa, para esperar pelo rei. Como ele não voltou, o povo ficava a ver navios.

Fonte: S.O.S. Dona de Casa. Maio/11.

Nesta data querida

O calor, a vontade de tomar um banho e uma terrível dor de cabeça levaram-no a abandonar o escritório, num desejo incontido de descansar o corpo e distrair o mau humor.

Fechado no elevador, teve o seu primeiro sintoma de alegria ao pensar que estava prestes a chegar, pensamento que se esvaiu ao ouvir a algazarra que vinha lá de dentro do apartamento. Correu, meteu a chave na porta, abriu-a e ficou sem entender.

Eram bem umas trinta crianças, entre brinquedos, bolas de encher, docinhos, apitos, babás e mamães.

Saiu da surpresa para o encabulamento.

Esquecera completamente o aniversário da filha. Que vergonha! E todos ali olhando para ele — o dono da casa.

O jeito foi disfarçar, dizer "boas tardes" gerais, cumprimentar as mães mais próximas e alisar a cabeça das crianças que lhe atravan¬cavam o caminho.

Passado o primeiro momento, voltou o barulho infernal. Novamente apitos, choros, gritos, risos, reco-recos, etc. A mulher, sem que ninguém percebesse, passou-lhe um embrulho, dizendo:

— Toma, é o seu presente para a SUA filha.

Esse "sua" aí foi assim mesmo, com maiúsculas na voz. Fingiu não notar, abraçou-se com a filha e entregou-lhe o pacote, sem disfarçar a própria curiosidade em saber o que era.

Era um urso de pelúcia, com uma caixinha de música dentro.

— Quanto custou? — perguntou à mulher, num sussurro.

— Dois contos! — respondeu ela, aumentando o preço e diminuindo a voz.

Só então lembrou-se de que tudo aquilo estava correndo por sua conta. Os doces, as bolas de encher (quantas!) penduradas na parede, os salgadinhos, Coca-Colas, guaranás, pacotes de balas, cometas e até sessão de cinema, programada para o seu escritório, onde já havia um camarada a ligar fios e tomadas.

E dizer-se que tinha vindo para casa mais cedo devido a uma terrível dor de cabeça! Agora nem uma tonelada de aspirinas adiantaria tal era o barulho que a criançada fazia.

Assim mesmo tomou um soporífico na cozinha, ocasião em que a empregada avisou-o que a água acabara e que toda a louça da festa ficaria para ser lavada no dia seguinte.

Não se sentiu com disposição pra "fazer sala". Chamou a mulher e explicou o seu estado. Ela limitou-se a dizer:

— Vá para o quarto então. Você não ajudou nada mesmo.

Era evidente a zanga, mas isso ficaria para ser ajeitado depois. Afinal não tinha culpa de sua falta de memória.

E foi entrar no quarto e levar aquele susto. Um garoto de cabelo arrepiado, envolto na sua capa de borracha, abrira todas as gavetas da cômoda, subia por elas e, lá de cima, se atirava na cama.

— Que é isso menino?

— Sou o Homem-Pássaro — respondeu o garoto, e voltou a se atirar sobre as pobres molas do colchão.

Expulsou o intruso com capa e tudo. Depois ficou ali no quarto, esperando que acabasse a farra. O silêncio bom que reinou em volta, ao fechar a porta, foi recebido com um suspiro de alívio. Deitou-se na cama imaginando o que veria no dia seguinte: seus livros atirados no chão, doces esborrachados no tapete, Coca-Cola no sofá da sala, copos por toda parte, inclusive dentro da vitrola, e, sobretudo, uma imensa conta para pagar.

Lá pelas 9 da noite, a mulher entrou no quarto e não respeitou o seu sono. Foi logo dizendo:

— Bonito, hein? Além de esquecer a data ainda me deixa sozinha com as visitas. Nem ao menos conversou um pouco com o Senador.

— Senador? — perguntou ele, tonto de sono.

— É sim. O Senador Castro foi tão gentil trazendo o filho e você nem foi cumprimentá-lo.

— Como era o filho dele? — quis saber, fingindo interesse.

— Um bonitinho, de cabelo arrepiado, que estava brincando com a sua capa.

— Ah, sei. O Homem-Pássaro.

E, após estas palavras, adormeceu profundamente, não sem antes ouvir um último comentário da mulher. Disse ela:

— Ainda por cima você está bêbado.

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Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto).
Fonte: O MELHOR DE STANISLAW - Crônicas Escolhidas - Seleção e organização de Valdemar Cavalcanti - Ilustrações de JAGUAR - 2.a edição - Rio - 1979 - Livraria José Olympio Editora