domingo, 6 de novembro de 2011

Viva o morto!

Rosamundo estava no quarto, suando em bicas, para abotoar o colarinho e dar o laço da gravata. No verão ele detesta essas coisas protocolares e, se pudesse, iria até à posse de diretor de autarquia, com discurso, filmagem da "Atlântida" e presença de altas autoridades, em ceroulas.

Mas era o aniversário de seu afilhado e Rosamundo tinha que comparecer, levar presentes, ajudar — na qualidade de padrinho — o aniversariante a apagar as velinhas do bolo. Enfim, aquela chateação.

Já estava prontinho para sair, com o embrulho do presente debaixo do braço e o pescoço envolto em suor e colarinho engomado, quando o telefone tocou. A mulher atendeu e disse um "Não" de espanto. Agradeceu a informação e, virando-se para Rosamundo que, distraidamente, tinha jogado a cinza do charuto no aquário dos peixinhos:

— Morreu o chefe da sua repartição!

Mais aquela. Se fosse ao aniversário não teria tempo de passar no velório, se fosse ao velório não daria tempo para entregar o presente do afilhado. Ficou naquela indecisão de todos os distraídos e acabou resolvendo a coisa de maneira mais prática: iria dar um pulinho no velório, faria um pouco de presença e depois se mandava para o aniversário. Das duas chateações, a menor.

Foi o que fez.

Chegou esbaforido no velório do chefe da repartição, com aquele embrulho de presente debaixo do braço e parece que sofreu a influência do referido embrulho porque, mal entrou na sala, dando com o corpo do chefe em cima da mesa, cercado por quatro velinhas, nem conversou: com sua distração habitual, encaminhou-se para a viúva, entregou-lhe o embrulho e disse:

— Muitas felicidades pelo dia de hoje.

Depois, sempre com aquele ar ausente que é faceta marcante de sua entortada personalidade, dirigiu-se para a mesa onde estava o falecido, soprou as velinhas e cantou o "Parabéns pra você nesta data querida".
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Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto).
Fonte: O MELHOR DE STANISLAW - Crônicas Escolhidas - Seleção e organização de Valdemar Cavalcanti - Ilustrações de JAGUAR - 2.a edição - Rio - 1979 - Livraria José Olympio Editora

Mulher reformada

Há quem diga que Rosamundo deve pensar que quem descobriu o Brasil foi o Duque de Caxias, de tanto que ele confunde o patrono do nosso Exército com Pedro Álvares Cabral. Não têm conta às vezes que Rosamundo entregou a um vagabundo qualquer uma cédula de mil cruzeiros, com linda pose de Cabral, pensando que era uma japonezinha de duas pratas, com o semblante do Duque, à guisa de esmola.

A mulher de Rosamundo já o proibiu do vício do óbolo, na certeza de que a distração e filantropia são duas coisas que não combinam. Aliás, a mulher do Rosamundo era bem feinha, prova de que, até pra casar, o infeliz se distraiu.

E foi justamente por ser feia que a mulher de Rosamundo resolveu fazer uma recauchutagem para surpreender o marido.
Durante a habitual temporada em Petrópolis ela fez que subiu a serra e foi, mas é pra uma clínica de um desses médicos bárbaros para reformar mulher bagulho: um cirurgião-plástico.

Botou nariz novo, afinou cintura, tirou barriga, esticou a pele, amendoou os olhos. Fez misérias. E, não contente, saiu direto da clínica para um salão de beleza, onde tingiu os cabelos e castigou um penteado desses modernos, que a mulher parece que está com uma moringa na cabeça.

Assim completamente remodelada e até que mais jeitosa, apareceu em casa. Foi entrando e nem disse palavra, foi encontrar Rosamundo na sala e tacar-lhe um beijo estilo desloca-maxilar. Rosamundo ficou verdadeiramente encantado e surpreendido com a mulher.

Mas puxa!... Rosamundo é um bocado distraído. Passou a noite toda naquele encantamento e só na manhã seguinte é que fez a primeira referência à vida do casal. Virou-se para a mulher e disse:

— Filhinha eu acho bom você deixar o número do telefone e ir caindo fora, que minha esposa está em Petrópolis e pode chegar de repente. Se ela encontrar você aqui vai dar uma bronca desgraçada.
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Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto).
Fonte: O MELHOR DE STANISLAW - Crônicas Escolhidas - Seleção e organização de Valdemar Cavalcanti - Ilustrações de JAGUAR - 2.a edição - Rio - 1979 - Livraria José Olympio Editora

O segredo da abelha

A abelha, a aranha e a cigarra eram irmãs.

As duas mais velhas viviam ativas, sempre a trabalhar; uma colhendo o pó das flores para fazer o mel, a outra a tecer noite e dia, uma fiandeira. A mais moça, a cigarra, anunciava o verão, cantando e alegrando a todos, com suas toadas e seus psius ritmados.

Uma tarde, chegou um mensageiro avisando as três irmãs que sua mãe, muito doente, as mandava chamar, para abençoá-las antes de morrer. E a aranha falou assim:

— Diga à minha mãe que estou fazendo uns pontos difíceis; assim que terminar, lá chegarei.

E a cigarra falou assim:

— Diga à minha mãe que estou dando o terceiro psiu; assim que terminar, lá chegarei.

E a abelha, no meio da grande faina, no trabalho da colméia falou assim:

— Filhos meus, parai e deixai tudo aí, até que eu volte; pois vou já ver minha mãe.

E lá no seu leito, a moribunda sentenciou:

— Aranha, filha ingrata, nunca poderás terminar teu trabalho. Será ele sempre desfeito por alguém, principalmente pelas empregadas arrumadeiras.

E é o que sempre acontece.

— Cigarra, filha ingrata, cantarás, cantarás, até rebentar pelas costas.

E é o que sempre acontece.

— Abelha, filha boa, que tudo deixou por mim, os homens nunca saberão o segredo do fabrico do mel...

E ainda hoje, mesmo colocada em caixa de vidro, a abelha tapa tudo com cera e não deixa ver fazer o mel...
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Fonte: Jangada Brasil - (Caldas, Terezinha. "O segredo da abelha". Folha da Manhã. Recife, 12 de novembro de 1952).

Origem do jogo de dados

Os dados são pequenos poliedros gravados com determinadas instruções. O dado mais clássico é o cubo (seis faces), gravado com números de um a seis. Existem também dados de duas faces (representados por moedas), três faces (igual a um dado clássico de seis lados, mas com apenas três números, sendo cada um repetido duas vezes), quatro faces (em formato piramidal), oito faces, dez faces, 12 faces, 20 faces, entre outros.

Uma das mais antigas diversões conhecidas na história da humanidade, os dados aparecem retratados junto a uma espécie de jogo de tabuleiro em vasos pintados da Grécia antiga. Segundo a própria tradição grega, eles teriam sido inventados por Palamedes, companheiro do herói Agamenon, na mitológica guerra de Tróia.

Tudo indica, porém, que o jogo era conhecido por todos os povos da antigüidade: egípcios, persas, assírios e babilônios. Mais tarde, por volta do ano 302 a.C., os legionários romanos que conquistaram a Grécia acabaram por difundir o jogo por todos os países sob seu domínio.

A segunda frase mais famosa do imperador Júlio César (100-44 a.C.) - só perdendo para a última delas: "Até tu, Brutus!" -, desferida quando ele se lançou à tomada do poder em Roma, citava o jogo de dados: Alea jacta est, ou "A sorte está lançada". Segundo o historiador romano Plutarco (46-119), César costumava jogar dados com os senadores, antes de derrubar o Senado e tornar-se imperador.

Fonte: http://jgmat.net23.net/dados.html

Trevo de quatro folhas

Diz a lenda, que a raridade de um trevo de quatro folhas o transformou em um poderoso amuleto. Os antigos magos druidas, que habitavam a Inglaterra por volta do ano 200 a.C., acreditavam que quem possuísse um desses trevos poderia absorver os poderes da floresta e a sorte dos deuses - com isso, também adquiria o dom da prosperidade. Ainda segundo a lenda, para que se tenha sorte com o trevo de quatro folhas, é preciso ganhá-lo de presente e depois presentear três pessoas.

O trevo de quatro folhas é o símbolo mais tradicional de boa sorte. Quando se ganha um trevo assim, diz a tradição, a pessoa recebe votos de prosperidade, saúde e fortuna. Ainda segundo as tradições, a cada trevo que se colhe, brotam seis novos, multiplicando a sorte para todos.

Existem muitas curiosidades a respeito desta planta. Uma delas descreve que cada folha do trevo tem um significado: esperança - fé - amor - sorte. O número de folhas - quatro - representa um ciclo competo, como as 4 estações, as 4 fases da lua ou os 4 elementos da natureza: Ar, Fogo, Terra e Água.

Podemos fazer um belo amuleto com o trevo de quatro folhas: basta colher a folha, cortar bem rente à haste e colocar dentro de um livro grosso para secar bem retinha. Depois é só plastificar ou colocar num saquinho plástico e carregar dentro da carteira ou da bolsa.

Hoje os trevos de quatro folhas já não são tão raros. Nos anos 50, horticultores desenvolveram uma semente que só gera plantas com quatro ramos. Cultivados em grande quantidade, perderam muito de seu sentido mágico - o prazer de serem procurados e a sorte de encontrá-los.

A fama do trevo em trazer boa-sorte é tanta que até inspirou uma famosa marchinha de Carnaval gravada por Nara Leão: "Vivo esperando e procurando um trevo no meu jardim / Quatro folhinhas nascidas ao léu, me levaria pertinho do Céu / Feliz eu seria e o trevo faria que ela voltasse pra mim... / Vivo esperando e procurando um trevo no meu jardim".

O trevo é uma planta herbácea, que atinge mais ou menos 30 cm e produz flores na primavera e verão.

Fonte: Jardim de Flores.