segunda-feira, 28 de novembro de 2011

O suicídio de Rosamundo

O Rosa se meteu com uma dessas mulheres para as quais o sentimento de fidelidade vale tanto quanto um par de patins para um perneta. Rosamundo, no começo, não percebeu. Aquela sua vaguidão. Mas os amigos acharam demais. A deslumbrada passava o coitado para trás de uma maneira que eu vou te contar.

Aí os amigos se queimaram na parada, chamaram o Rosa num canto e deram o serviço. Eu não me meti porque acho que ninguém tem o direito de impedir os amigos de amarem errado.

Sou como Tia Zulmira, que considera a experiência pessoal a única coisa intransferível desta vida, tirante, é claro, a ida dos ministérios para Brasília. Se o cara nunca amou errado, tem que amar uma vez, para aprender.

Mas — sinceramente — eu que conheço Rosamundo tão bem, até hoje não sei dizer o que ele é mais: se distraído ou emotivo. Ao reparar que almoça não era merecedora, ficou numa melancolia de pingüim no Ceará. Não comia, não dormia e acabou apelando para a mais amena das ignorâncias, ou seja, o gargalo. Ficou mais de uma semana enchendo a cara. De "Correinha" a "House of Lords", Rosamundo bebeu de tudo.

Como diz aquele sambinha do João Roberto Kelly, "mulher que se afoga em boteco, é chaveco". Em vez de esquecer a infiel, Rosa foi se tornando um escravo dela. Fez até um tango, que começava assim: "Yo sé que tu eres una vaca..." e terminava, como terminam todos os tangos, isto é, plam-plam...

Ontem, ele estava no máximo da fossa. Mais triste que juriti piando em fim de tarde. Sua depressão chegara ao ponto fulminante, se é que depressão culmina. Desolado, foi para casa, tomou mais umas e outras e sentou-se na escrivaninha para escrever um bilhete de suicida.

O bilhete de Rosamundo não diferia muito dos bilhetes de todos os suicidas. Despedia-se da vida, pedia para não culparem ninguém e pedia desculpas aos que lhe queriam bem, pelo tresloucado gesto.

Em seguida foi para o banheiro, forrou o chão com uma toalha, calafetou a porta e a janela, abriu o bico do aquecedor e deitou-se para morrer. Mas Rosamundo e distraído demais.

Acordou de manhã com o corpo todo doído de ter dormido no ladrilho. Como, minha senhora, por que foi que ele não morreu? Era greve do gás, madama.
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Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto).
Fonte: GAROTO LINHA DURA - Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1975

Julie Adams

Julie Adams (Betty May Adams), atriz de cinema e televisão às vezes também creditada como Julia Adams e Adams Betty, nasceu em Waterloo, Iowa, EUA, em 17 de outubro de 1926. Cresceu em Arkansas e começou sua carreira no cinema em filmes de western classe "B".

Ela usou seu nome real, Betty Adams, até 1949, quando começou a trabalhar para a Universal Pictures. Então se tornou Julia e, eventualmente, Julie Adams. Seu primeiro papel no cinema foi um pequeno papel no "Red, Hot and Blue" (1949), seguido por um papel principal em "The Dalton Gang" (1949).

Seu filme mais famoso acabou sendo "Creature from the Black Lagoon" (O Monstro da Lagoa Negra), de 1954.Mais tarde em sua carreira, fez aparições na TV em séries.

Julie Adams em "Creature from the Black Lagoon", de 1954.

Adams foi casada com o ator e diretor Ray Danton de 1954 a 1981 e eles tiveram dois filhos, Steven Danton e Mitchell Danton. Ela teve um relacionamento com Ronald M. Cohen, um roteirista que faleceu em 1998.

Filmografia

Brasa Viva (1949) (Red, Hot and Blue)
The Dalton Gang (1949)
Hostile Country (1950)
Marshal of Heldorado (1950)
Crooked River (1950)
Colorado Ranger (1950)
West of the Brazos (1950)
Fast on the Draw (1950)
O Anjinho (1950) (For Heaven's Sake)
Luz nas Trevas (1951) (Bright Victory)
Aconteceu em Hollywood (1951)
Império do Pavor (1952) (Horizons West)
The Treasure of Lost Canyon (1952)
Jornada de Heróis (1952) (Bend of the River)
Gatunos Roubados (1952) (Finders Keepers)
Flechas de Ódio (1953) (The Stand at Apache River)
Revolta do Desespero (1953) (Wings of the Hawk)
Sangue Por Sangue (1953) (The Man from the Alamo)
O Aventureiro do Mississipi (1953)
Sob o Signo do Mal (1953) (The Lawless Breed)
Francis Entre Mulheres (1954)
O Monstro da Lagoa Negra (1954)
A Guerra Privada do Major Benson (1955)
Seu Único Desejo (1955) (One Desire)
Os Cinco Desesperados (1955) (The Looters)
A Ponte do Destino (1955)(Six Bridges to Cross)
A Epopéia do Pacífico (1956) (Away All Boats)
Slim Carter (1957)
Slaughter on Tenth Avenue (1957)
Four Girls in Town (1957)
Tarawa Beachhead (1958)
Duelo em Dodge City (1959)
Raymie (1960)
The Underwater City (1962)
Cavaleiro Romântico (1965)
The Last Movie (1971)
McQ - Um Detetive Acima da Lei (1974)
The Wild McCullochs (1975)
Psychic Killer (1975)
The Killer Inside Me (1976)
Goodbye, Franklin High (1978)
The Fifth Floor (1978)
Os Campeões (1984)
Black Roses (1988)
Atraída Pelo Perigo (1990)
Lost (2005)
Lost (2006/I)
World Trade Center (2006)
O Deus da Carnificina (2011)

Fontes: IMDb; Supervideo.