terça-feira, 29 de novembro de 2011

Zulmira e o poeta

A velha ermitã está danada com a bisbilhotice minha, que aliás foi motivada por bisbilhotice maior, do coleguinha Paulo Mendes Campos. Deu-se que eu estava aqui posto em sossego, com a minha possante Telefunken ligada, a ouvir a Sonata para violino em sol menor, de Claude Debussy, na execução de Arthur Grumiaux, acompanhado ao piano por Istvan Hajdu, quando, ainda no primeiro movimento, isto é, o "Allegro vivo", tocou o telefone.

Era o Paulinho Mendes Campos que, logo de saída, veio com uma estranha pergunta:

— Onde estava sua Tia Zulmira em 1911?

Fiz um esforço de memória e respondi: — Estava na Europa, ministrando um curso de francês na Sorbonne e era a vedeta do "Follies Bergère".

Foi então que o Paulinho, do outro lado do fio, permitiu-se uma exclamação de regozijo e me perguntou se eu não achava muito estranha a coincidência, pois mais de uma vez, em seus poemas, o parnasiano Raimundo cita o nome de Zulmira. Aliás, devo explicar aos caros leitores, que era uma velha cisma nossa — minha e do Mendes Campos — achar que a sábia senhora foi cacho do poeta das pombas.

Claro que tia Zulmira sempre negou o fato, quando cuidadosamente inquirida pelo sobrinho dileto, mas nem por isso nossa cisma diminuiu. É só dar uma passada na obra de Raimundo Correia para reparar que há versos e mais versos que só podiam ser inspirados pela ermitã bocadomatense. Senão, vejamos: em "Sonho turco", o poeta mete lá:

"Mulheres e cavalos com fartura, Bons cavalos e esplêndidas mulheres".

Isso só pode ser coisa da velha que nunca escondeu amar nos homens os exageros amorosos. No mesmo poema, inclusive, há  outro verso que cheira a coisa de titia:

"Como polígamo e amoroso galo
A asa arrastando a inúmeras esposas
Nem sabe qual prefira".

É verdade que, na biografia de Zulmira, Raimundo Correia não aparece como um dos seus maridos legais (legais no sentido jurídico da palavra, pois de vários Tia Zulmira tem queixas quanto ao principal), mas já não parece haver dúvida quanto a um caso havido entre os dois, provavelmente num recanto qualquer da Europa: na alegre Paris, na austera Londres, ou na sossegada
Amsterdão.

Vejam esta passagem:

"Que, das três coisas, uma só nos basta: — Tocar viola, fumar cachimbo ou dormir".

E aquele, ainda: "São fidalgos que voltam da caçada" (verso que Zulmira costuma evocar, quando vê os grã-finos bêbados, voltando do "Sacha's"). Ou este outro: "Que o amor não é completamente cego". Ainda mais este: "Que aos tristes o menor prazer assusta".

Todo esse material foi colhido pelo Paulinho para me convencer que Tia Zulmira realmente influenciou Raimundo Correia. Mas agora vinha com a prova definitiva.

Pigarreou no telefone e falou: — Vou te recitar um soneto de Raimundo Correia que acabo de descobrir num livro dele. Tua cara vai cair, companheiro. E lascou esta preciosidade:

Quando Zulmira se casou... Zulmira
Era o mimo, a frescura, a mocidade!
— lânguido gesto, estranha suavidade
Na voz — soluço de inefável lira;
Um candor, que não há quem não prefira
A tudo, e esse ar de angélica bondade,
Que embelece a mulher, mesmo na idade
Em que, esquiva, a beleza se retira.
Não sei porque chorando toda a gente,
Quando Zulmira se casou, estava:
Belo era o noivo... que razões havia?
A mãe e a irmã choravam tristemente;
Só o pai de Zulmira não chorava...
E era o pai afinal quem mais sofria.

Ora, isto é mais definitivo ainda quando se sabe que o pai de titia tinha nela a filha favorita e também quando se sabe que Yayá (irmã de Zulmira) e Vovó Eponina (sua mãe) eram duas manteigas derretidas. Agradeci ao Paulinho a descoberta do soneto. Desliguei o telefone e liguei para Tia Zulmira, recitando-o para ela. Titia ficou muda do lado de lá e se traiu para sempre quando, a uma insinuação minha de que tivera um troço com o "poeta das pombas", exclamou irritada:

— "Ele não era tão das pombas assim como se propala".
__________________________________________________________________________
Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto).
Fonte: GAROTO LINHA DURA - Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1975

Quanto tempo vive uma tartaruga?

Algumas pessoas bem-humoradas podem dizer que as tartarugas vivem bastante porque são tão lentas que demoram a chegar até o final da vida. Afinal, como diz o ditado popular, "devagar é que se vai longe".

No entanto, o tempo de vida de um quelônio - grupo que reúne os répteis popularmente conhecidos como jabutis, tartarugas e cágados - depende de alguns fatores.

Conforme explica Clóvis Bujes, Coordenador do Projeto Chelonia-RS, do Departamento de Zoologia do Instituto de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), "o tempo de vida de um quelônio é muito controverso. E vai depender da espécie e do ambiente onde ela ocorre".

As tartarugas-de-Galápagos (Geochelone nigra spp.), endêmicas do arquipélago de Galápagos, localizado a cerca de mil quilômetros da costa do Equador, são a espécie de tartaruga que apresenta maiores dimensões, chegando a medir mais de 1,8 metro de comprimento e pesando cerca de 200 quilos. Um desses répteis, chamado Harriet, viveu aproximandamente 170 anos, morrendo em 2006.

Mas a longevidade não é privilégio das tartarugas. Segundo o professor Clóvis Bujes, "há registros de jabutis centenários, e os cágados brasileiros podem chegar, em média, aos 40 anos".

Fonte: Notícias Terra.

Câimbra ou cãibra

A câimbra, ou cãibra, é um espasmo ou contração involuntária dos músculos, normalmente muito dolorosa, que pode durar de alguns segundos até vários minutos. A câimbra pode atingir um ou mais músculos de uma vez.

Qualquer músculo de controle voluntário pode apresentar essas contrações. Os mais comuns são: panturrilhas ou gemelares (batata da perna); músculos anteriores e posteriores da coxa; pés; mãos; pescoço; abdômen.

Acredita-se que a causa básica da câimbra seja uma hiperexcitação dos nervos que estimulam os músculos. Esta normalmente é causada por:

- Atividade física vigorosa (câimbra pode ocorrer durante ou após o esforço físico).
- Desidratação (importante causa em idosos e em quem usa diuréticos).
- Alterações hidreletrolíticas, principalmente depleção de cálcio e magnésio.
- Gravidez (normalmente a câimbra é secundária a níveis baixos de magnésio).
- Fratura óssea (os músculos ao redor da lesão se contraem involuntariamente).
- Alterações metabólicas como diabetes, hipotireoidismo, alcoolismo e hipoglicemia.
- Doenças neurológicas (Parkinson), do neurônio motor ou dos músculos.
- Insuficiência venosa e varizes nas pernas (varizes)
- Longos períodos de inatividade (ficar sentado em posição inadequada, por exemplo).
- Alterações estruturais, como pé chato e o genu recurvatum (hiperextensão do joelho).
- Hemodiálise.
- Cirrose hepática.
- Deficiência de vitamina B1, B5 e B6.
- Anemia.

Muito se comenta sobre depleção de potássio como causa de câimbras. Na verdade, a hipocalemia (baixos níveis sanguíneos de potássio) pode até causar contrações involuntárias, mas seu principal sintoma é fraqueza ou paralisia muscular. O cálcio e o magnésio são causas mais importantes e comuns de câimbras.

Algumas drogas podem ser a causa das câimbras:

- Diuréticos, principalmente a furosemida.
- Donepezila (usado na doença de Alzheimer).
- Neostigmina (usada na miastenia gravis).
- Raloxifeno (usado para osteoporose e câncer de mama).
- Remédios para hipertensão, principalmente a nifedipina.
- Broncodilatadores para asma como Salbutamol.
- Remédios para colesterol como o clofibrato e lovastatina.

Em pessoas acima dos 60 anos, câimbras frequentes podem ser sinais de aterosclerose, que leva à diminuição da circulação sanguínea para determinado grupamento muscular por obstrução do fluxo por placas de colesterol.

Para se evitar a câimbra deve ser realizada uma boa sessão de alongamento antes e após exercícios, principalmente para sedentários. Também são importantes uma boa hidratação antes, durante e depois do esforço e evitar exercícios físicos em dias muito quentes.

Banana evita câimbras? Essa história da banana é um pouco confusa. A fruta é rica em potássio, carboidratos (glicose) e água. Durante o esforço físico existe uma grande demanda dos músculos por energia (glicose). Depois de algum tempo de exercício o músculo depleta suas reservas de glicose e passa a utilizar outros meios para gerar energia. Uma das causas de câimbras é o acumulo de ácido láctico, que é o "lixo" metabólico após a geração de energia com baixa utilização de glicose. Uma boa hidratação ajuda a "lavar" esse excesso de ácido láctico da circulação e evita as câimbras.

Portanto, teoricamente a banana ajuda porque repõe os níveis de potássio, hidrata e fornece energia (glicose) para os músculos. Isso é verdade para câimbras induzidas por exercício. Porém, essa dica não funciona com muita gente. A resposta parece ser individual, mas como banana não faz mal a ninguém, não custa testar.

Fonte: MD.SAUDE

Marcas da raiva

Era uma vez um garoto que tinha um temperamento muito explosivo.Um dia ele recebeu um saco cheio de pregos e uma placa de madeira.

O pai dele disse a ele que martelasse um prego na tábua toda vez que perdesse a paciência com alguém. No primeiro dia o garoto colocou 37 pregos na tábua. Já no dia seguinte, enquanto ele ia aprendendo a controlar sua raiva, o número de pregos martelados por dia foram diminuindo gradativamente.

Ele descobriu que dava menos trabalho controlar sua raiva do que ter que pregar diversos pregos na placa de madeira.

Finalmente chegou um dia em que o garoto não perdeu a paciência em hora alguma.

Ele falou com seu pai sobre seu sucesso e sobre como esta se sentindo melhor em não explodir com os outros e o pai sugeriu que ele retirasse os pregos da tábua e que a trouxesse para ele.

O garoto então trouxe a placa de madeira, já sem os pregos, e a entregou a seu pai. Ele disse, "Você está de parabéns, meu filho, mas dá uma olhada nos buracos que os pregos deixaram na tábua, a tábua nunca mais será como antes".

Quando você diz coisas estando com raiva, suas palavras deixaram marcas como essas. Você pode enfiar uma faca em alguém e depois retirá-la. não importa quantas vezes você peça desculpas, a cicatriz ainda continuará lá. Uma agressão verbal é tão ruim quando uma agressão física.

Fonte: Pablo Santurio (Editor OLÁ GUIA)

Gratidão

Uma garotinha aproximou-se de uma loja e amassou o narizinho contra o vidro da vitrine. Os olhos da cor do céu brilharam quando viram o objeto. Ela entrou para ver o colar de turquesas azuis.

- É para minha irmã. Pode fazer um pacote bem bonito?

O dono da loja olhou desconfiado para a garotinha e perguntou-lhe: – Quanto  dinheiro você tem?

Sem hesitar, ela tirou do bolso da saia um lenço todo amarradinho e foi desfazendo os nós. Colocou sobre o balcão e disse feliz: – Isto dá, não dá?

Eram apenas moedas que ela exibia orgulhosa.

- Sabe, eu quero dar este presente para a minha irmã mais velha. Desde que nossa mãe morreu, ela cuida da gente e não tem tempo para si mesma. É aniversário dela e tenho certeza de que ela ficará feliz com o colar que é da cor dos olhos dela.

O homem foi para os fundos da loja, colocou o colar num estojo, embrulhou com um vistoso papel vermelho e fez um laço bonito com uma fita.

- Tome! – disse para a garota. – Leve com cuidado. Ela saiu feliz, saltitando pela rua abaixo. Ainda não acabara o dia, quando uma linda jovem de cabelos loiros, e maravilhosos olhos azuis, entrou na loja. A jovem colocou sobre o balcão o já conhecido embrulho, agora desfeito, e indagou:

- Este colar foi comprado aqui?

- Sim, senhorita.

- E quanto custou?

- O preço de qualquer produto de minha loja é sempre confidencial entre o vendedor e o freguês – falou o dono da loja.

A moça continuou: – Mas minha irmã tinha apenas algumas moedas. O colar é verdadeiro, não é? Ela não teria como pagá-lo.

O homem tomou o estojo, refez o embrulho com extremo carinho, colocou a fita e o devolveu à jovem, dizendo: – Ela pagou o preço mais alto que qualquer um pode pagar. Ela deu tudo o que tinha!

O silêncio tomou conta da pequena loja, e duas lágrimas rolaram pela face jovem da moça.

Autor: Pablo Santurio – Editor Olá Guia