sábado, 5 de maio de 2012

Mary Lincoln

Mary Lincoln era paulistana e nasceu no final dos anos 1910. Quando criança, estudou piano e canto. Formou-se em comércio, mas nunca exerceu a profissão. Era morena, alta e esguia. Tinha uma belíssima voz. Era soprano. E muito sensual.

Até 1941, ela só cantava em festas da sociedade paulistana. Até que, um dia, a apresentaram a Walter Pinto, no chá do Teatro Santana, onde a Cia. W. Pinto se apresentava. Mary, como quem não quer nada, foi ao piano, tocou e cantou desinteressadamente. 

Walter Pinto, vislumbrando o sucesso da jovem, ofereceu-lhe um contrato. Assustada, Mary recusou. Argumentou que não estava preparada. E Walter respondeu o que ela queria ouvir: "Eu te preparo".

Em dezembro daquele ano, Mary já se estava no Rio, pronta para estrear na próxima revista do Recreio enquanto Walter anunciava o nascimento de sua estrela. Sem nunca ter pisado no palco, Mary dividiu, com Aracy Côrtes, o estrelato da peça Você já Foi à Bahia?, de Freire Júnior, um ícone das revistas carnavalescas. Com música de Dorival Caymmi, Herivelto Martins, Sílvio Caldas, essa peça mostrava clássicos como Praça Onze e Amélia. O sucesso foi absoluto. A crítica a consagrou. Foi eleita Rainha das Atrizes de 1942, provavelmente ajudada pelo rei Walter Pinto.

O reinado de Mary Lincoln no Teatro Recreio, com Walter Pinto, durou até 1944. Apesar de ter um corpo admirável, suas armas mais poderosas eram a voz e a expressão facial. Não era muito fotogênica, mas ao vivo enlouquecia e conquistava a plateia masculina.

Em 1942, Mary inovou. Ainda como segunda figura da companhia, brilhou em Fora do Eixo, revista que reafirmaria seu talento e abriria as portas para o estrelato absoluto na montagem seguinte: Rumo a Berlim. Nesse espetáculo ela foi ousada, pois cantou árias de óperas como Madame Butterfly, de Puccini. O público delirou, pois ópera em revista era algo inusitado.

Em 1944, Mary foi para os cassinos. Fez uma temporada bastante razoável em São Vicente, no Cassino da Ilha Porchat. Fez, em seguida, mais uma passagem pela revista, em 1945, com a Empresa Ferreira da Silva. Foi a figura máxima de Batuque no Beco, ao lado do iniciante Colé, e em Trunfo é Espadas!, com Walter D’Ávilla, ambas encenadas no João Caetano, com sucesso. Mary receberia da imprensa o título de a estrela das famílias brasileiras. Talvez pelo porte recatado e seu discreto meio de
sedução.

Também em 1945, faz sua única incursão no cinema, participando de um número musical do filme Caidos do Céu. Na produção da Cinédia, cantava a marcha-rancho Andorinha, de Herivelto Martins, amarrada num poste. O número acabou soando ridículo e a crítica da época não perdoou.

Achando que não estava no lugar certo, procurou outro gênero de teatro musicado: a opereta. Em 1946, trocou a revista pela opereta, fazendo uma bem-sucedida carreira. Mas, apesar de se realizar artísticamente na opereta, Mary retornou à revista em 1947, novamente no posto de vedete, na revista Sinhô do Bonfim, contratada pela Cia. Dercy Gonçalves. O espetáculo foi encenado no João Caetano. Dividiu o estrelato com Dercy e saboreou, mais uma vez, o gosto do sucesso.

Nos anos seguintes ainda estrelou, como vedete principal, Cuba Livre (1952), no Teatrinho Jardel (RJ). Mary era apresentada como a apoteose morena, em impagáveis quadros ao lado de Walter D’Ávilla. Na Terra do Samba foi outro sucesso revista adaptada de Luiz Peixoto e Ary Barroso. No palco, Mary Lincoln brilhou ao lado de Margarida Max, a vedete absoluta dos anos 1920, que retornarava aos palcos para apresentações especiais.

Uma de suas últimas revistas foi Encosta a Cabecinha (1958), de Boiteux Filho, encenada em São Paulo, com a Cia. Silva Filho. A vedete da peça foi Eloína. Às vésperas de completar 40 anos, Mary já não conservava o físico da juventude. Representava e cantava, apenas, sem sugerir nada com o  público. Não era mais a mesma.

Nos anos 1970, há muito afastada dos palcos, Mary se mudou para o Retiro dos Artistas, em Jacarepaguá (RJ). Reencontrou a amiga Gina Bianchi, dos tempos de opereta. Em 29 de setembro de 1981 (dia do ancião), a instituição recebeu a visita de vários artistas e idosos da região.Teve uma festa no Teatro Iracema de Alencar. Os velhinhos do retiro relembraram os tempos de glória, dançando e cantando. Mary Lincoln tocou trechos de A Viúva Alegre, no piano.Todos se emocionaram. Choveram
aplausos. 

As palmas da plateia naquela tarde foram as últimas que ouviu. No dia seguinte sofreu um derrame e morreu, aos 62 anos.

Fonte:  As Grandes Vedetes do Brasil - de Neyde Veneziano.

Celeste Aída

Nasceu no primeiro dia de setembro de 1916 e foi batizada como Celeste Aída Cruz. Seu nome, portanto, não é artístico como muitos pensam. Sua mãe era amante da ópera e foi num gênero semelhante, o da opereta, que Celeste Aída estreou.

Tudo começou por acaso. Em fins de 1938, aos 21 anos, Celeste foi assistir a um ensaio da peça Algemas Quebradas, de De Chocolat, com a Companhia Negra de Operetas. 

Sua figura despertou a atenção dos produtores do espetáculo, que, descobrindo sua bela voz, a contratam. Sua estreia foi ao lado de grandes nomes: Grande Otelo, Apolo Correia, Pérola Negra e Índia do Brasil.

A peça foi bem recebida pela crítica da época, e Celeste foi chamada de a flor da companhia por Mário Nunes, crítico de O Globo. Seu número de maior êxito foi o samba A Carne é Negra, que cantou ao lado de Grande Otelo.

Em seguida, Celeste foi convidada por Álvaro Pinto a participar da revista Camisa Amarela, em março de 1939, no Recreio. Ela executava o principal quadro, o samba de Ary Barroso, que dava nome ao espetáculo. Novamente Celeste foi a figura mais destacada de um elenco ainda mais estelar que o anterior, Oscarito, Eva Todor, Margot Louro e Pedro Dias.

Após a temporada no Recreio, alcançou o status de vedete, causando polêmica por fazer apresentações com roupas sumárias, sempre com o umbigo de fora. Celeste já era uma figura de destaque no elenco, quando começou a se desnudar em cena. Lançou no palco o maiô de duas peças, bem antes do biquíni. Não era exatamente bonita, era inclusive meio gordinha. Fugia um pouco do padrão de mulher boa. Mas tinha graça, um belo sorriso, e era extremamente simpática e articulada. Cativava pelo conjunto da obra.

Como a beleza não era o seu forte começou, também, a investir no tipo cômico. Uma de suas criações mais frequentes era a da mulher-invertida, uma representação da lésbica, com figurino e trejeitos masculinos. Fazia também mulheres sisudas e antipáticas. Apesar de ter construído uma carreira bem-sucedida como caricata, Celeste Aída jamais deixou de ser vedete. Exímia sambista e ótima cantora, sempre participava dos números musicais populares.

Em 1940, fez sua primeira excursão artística: uma turnê pelos Estados Unidos. Na época, chegou a ser confundida com Carmen Miranda, que ainda não era muito conhecida dos americanos.

Apesar de todo esse sucesso, Celeste não conseguia sobreviver só do ordenado de atriz. Passou a conciliar a carreira com outra atividade: foi vendedora, numa boutique da Cinelândia, centro do Rio. No mesmo ano recebeu proposta para atuar no filme argentino Embrujo, no papel de uma macumbeira. Celeste aceitou o convite. Pediu demissão de seu emprego de vendedora e recusou um contrato com Walter Pinto. Emagreceu 9 kg para atuar no filme. Mas a companhia atrasou as filmagens. Celeste perdeu dinheiro e desistiu do filme. Em seguida, ingressou na companhia de Pascoal Segreto.

Nessa época apaixonou-se pelo palhaço de circo, Petrônio Santana, conhecido como Picolé. Celeste quis ajudá-lo, financeira e artisticamente lançando-o na revista Hoje tem Marmelada?, encenada pela Companhia Jardel Jércolis, no Recreio. Era outubro de 1942, e a peça apresentava inovações, com incursões circenses.

No ano seguinte, se casou com Petrônio e trocou seu nome artístico para Colé Santana. Iniciam uma carreira como dupla, fazendo números cômicos e dançando o famoso maxixe acrobático, executado graças ao jogo de corpo adquirido pela formação circense de Colé. Em seus números de comédia, um ridicularizava o outro. Celeste passou a fazer o tipo da esposa jararaca e machona, que terminava a discussão espancando o franzino e submisso marido. O sucesso da dupla alcançou o rádio e o cinema. Colé foi a revelação cômica da época.

Celeste, com a influência de seu nome, conseguia bons contratos para o marido. Continuava com seu trabalho solo nas revistas. Sua imitação de Josephine Baker se tornou muito popular. O número passou a ser seu carro-chefe. 

No fim dos anos 1940, o casal assinava com a companhia de Geysa Bôscoli, atuando em mais de uma dezena de espetáculos, e participando de uma bem-sucedida turnê pela Argentina, no ano de 1950. Brotinhos e Tubarões (1949); Olha a Boa! (1949); Bonde do Catete (1950); Rabo de Peixe (1950) e Boca de Siri (1951) são alguns espetáculos dessa fase. Nessa época, Colé já era considerado um grande cômico. Ele era o número um da companhia enquanto Celeste ficava à sombra do sucesso do marido. Aos poucos, o casamento foi se desgastando.

Em 1951, a Cia. Geysa Bôscoli contratou um novo nome: a vedete Nélia Paula, uma mulher lindíssima, no auge da beleza e mocidade. Colé não resistiu e começou a se relacionar com a morena. O romance acontecia à vista de todos. A imprensa publicava notas sobre o affair, até que Celeste desistiu do casamento de nove anos. Pediu o desquite, em 1952. O assunto virou manchete de jornal e capa da Revista do Rádio.

Foi um período muito triste em sua vida. A traição foi dupla, pois Nélia era sua amiga e confidente. Não se deixando abater, Celeste voltou aos palcos pouco tempo depois. Foi a principal atração dos shows da recém-inaugurada boate Mandarim, em Copacabana.Tomava parte nos quadros cômicos, ao lado de Ankito. Mas foi um fracasso. Em seguida, atuou na série de espetáculos de Genésio Arruda no Teatro República. Eram peças de Tom Bill, autointituladas de comédias-chanchadas, com balé popular e números de plateia por conta da atriz.

Enquanto Colé elevava Nélia Paula ao estrelato e preparava para montar companhia própria, Celeste Aída enfrentava dificuldades sem o marido. Demorou a emplacar novamente.Tentou carreira na vida noturna de São Paulo, cantando em boates. 

Em 1955 fez sua primeira experiência como empresária e, finalmente, voltou a sentir o sabor do sucesso. Fez uma curta temporada no Teatro Madureira, da amiga Zaquia Jorge e, em seguida, estreou noTeatrinho Jardel, em Copacabana. Apresentou a revista Coquetel de Estrelas, com Lya Mara, Evilásio Marçal, Carla Nell.

A carreira de empresária, apesar da boa receptividade do público, foi pontual na carreira de Celeste Aída. Conseguiu emplacar alguns sucessos, mas constantemente era arrasada pela imprensa. No final dos anos 1950, passou a estrelar todos os seus espetáculos, atuando também como diretora artística. 

Um de seus melhores trabalhos nesse período foi a revista Disfarça e... Entra, encenada no Teatro Zaquia Jorge (antigo Madureira), em 1961. O programa da peça apresentava-a como a fulgurante estrela Celeste Aída. 

Até meados dos anos 70, continuou no teatro de revista (já em decadência), fazendo espetáculos com Silva Filho, e outros heróis da resistência. 

O ano de 1978 marcou uma tragédia em sua vida. No teatro, terminava uma temporada de Esse Lixo é um Luxo, e na televisão participava da novela Sem Lenço, sem Documento, na Rede Globo. Celeste era diabética e não sabia. Um dia, cortando um calo no pé esquerdo, machucou-se, teve uma infecção que virou gangrena. Abandonou os palcos. Depois de quatro cirurgias, amputaram-lhe a perna. Sem dinheiro para custear o tratamento e com muitas dificuldades, foi viver no Retiro dos Artistas, em Jacarepaguá.

Mesmo sem uma perna e vivendo no Retiro, Celeste não desanimava e declarava à Imprensa que queria retornar aos palcos. Seu desejo foi atendido. Foi dirigida por Hermínio Bello de Carvalho, como estrela do show Nossas Vidas são um Palco Esculachado, no João Caetano, em 1981. 

De cadeira de rodas, no mesmo teatro em que estreou em 1938, Celeste Aída fez apresentações de seus conhecidos monólogos e músicas do repertório do teatro de revista. O espetáculo, do projeto Seis e Meia, foi muito bem recebido pelo público e elogiadíssimo pela crítica.

No entanto, nova tragédia se abateu sobre Celeste. Problemas de saúde obrigaram a amputação da outra perna. Retornou ao Retiro dos Artistas e às condições modestas de vida. Vivia com apenas um salário mínimo, que mal cobria a despesa com os remédios. 

Por sua luta e vontade de viver, recebeu o título de artista símbolo do Ano Internacional do Deficiente Físico. Voltou às manchetes dando uma longa entrevista para O Globo, com o título Sem amor, sem pernas e sem dinheiro. Na reportagem só pedia que lhe concedessem um nova oportunidade para voltar aos palcos. Faleceu sem conseguir o que tanto queria.

Poucos meses antes de sua morte, a Rede Globo apresentou um programa sobre sua vida, o Caso Verdade Amar a Vida. Exibido em outubro de 1983, com direção de Milton Gonçalves, toda a carreira da atriz era narrada e interpretada por outros atores, entremeando depoimentos de colegas, como Renata Fronzi, Dercy Gonçalves e o crítico Jota Efegê.

No dia 11 de junho de 1984, aos 68 anos, foi encontrada morta em sua residência no Retiro. O corpo foi velado no Teatro Glauce Rocha, a seu pedido, e sepultado no cemitério do Caju, no Rio de Janeiro.

Fonte: As Grandes Vedetes do Brasil - de Neyde Veneziano.

Arte de presentear

Distinta dama que se assina Helena Brazil, e que aos depois acrescenta "conselheira de compras", escreve à flor dos Ponte Pretas para explicar que desconta pra Instituto através de uma profissão bossa nova. Dona Helena é, conforme está escrito depois do nome, "conselheira de compras".

Diz ela, em sua carta: "Poucos são os homens de negócios que realmente sabem escolher artigos femininos para presentes (ela generaliza na base do 'homens de negócios', porque fica chato botar a expressão 'coronel de madame').

A verdade é que somente três entre cada dez executivos têm o bom gosto necessário para determinar cores e modelos que farão as presenteadas felizes com as lembranças recebidas." De fato, nós somos um executivo legal, mas tem uns coronéis pela aí que são de amargar para dar presente a mulher.

Noutro dia, membra de nossa frota estava se queixando porque um dos seus mais constantes galanteadores já enviou para sua residência quatro jacas de manga e fosse ela comer a "lembrancinha", estaria até agora de cama. Mas sigamos com a explicação de Dona Helena Brazil — conselheira de compras.

Diz ela: "Para aqueles que não têm tempo, nem geito de enfronhar-se na moda (aqui abrimos um parêntesis para explicar a vocês que o jeito de Dona Helena é com "G", embora os jeitosos, de um modo geral, tenham jeito com "J") há um método infalível de acertar sempre na escolha. Quer saber? Muito simples: selecione uma boa casa de modas e peça o nosso conselho desinteressado."

Quer dizer, vocês moraram na jogada, não? Aqueles que não têm o "geito" para presentear mulher receberão conselhos desinteressados de Dona Helena Brazil, que é cobra no assunto.

Coronéis curibocas, que esbanjam dinheiro sem impressionar aquelas que desejam impressionar, poderão, mesmo, recorrer à missivista. Um camarada desses broncos, que olham mulher e pensam que a coisa vai simplesmente laçando a boa com um colar de pérolas, muitas vezes se estrepa.

Seu Lucindo, nordestino que no Nordeste é Coronel de araque, da política, e aqui no Rio é coronel mesmo, de mulher, certa vez ouviu uma dama dizer que adorava sabonete francês. Entrou numa perfumaria e mandou embrulhar vinte caixotes de sabonete francês para presente. A moça está se ensaboando até hoje, sem tempo para sair com seu Lucindo.

Consultando Dona Helena Brazil, estas mancadas estão por fora. Os sem-"geito" não enviarão aparelhos de barba para suas amadas, não vão ferir a suscetibilidade das moças com jacas de manga, nem fazer como fez um senador do PSD, que mandou um cavalo puro-sangue para uma show-girl que mora em apartamento de quarto e sala.

Consultem, portanto, Dona Helena. Nós é que não precisamos, Dona Helena. A carta que a senhora enviou, queremos crer, é para os outros. Sim, porque quando queremos presentear mulher nós nos enrolamos em papel celofane e mandamos os Correios despachar-nos com frete a pagar para a casa da felizarda.

__________________________________________________________________________
Fonte: Tia Zulmira e Eu  - Stanislaw Ponte Preta - 6.ª edição - Ilustrado por Jaguar - EDITORA CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA S.A.

Nós em garrafa

Vínhamos ladeira abaixo, comendo umas goiabinhas, quando surgiu na nossa frente um cavalheiro bem-posto, a sorrir, de braços abertos. Como somos bom fisionomista e reparamos logo que o distinto não era pessoa da nossa intimidade, julgamos tratar-se de um batedor de carteira.

Felizmente não era. Era um industrial. Deu o cartãozinho e passou a explicar por que cercara este valoroso escriba. Primeiro explicou que a indústria dele era embriagante e, antes que tivéssemos qualquer atitude de espanto, esclareceu que fabricava bebidas alcoólicas.

De surpresa em surpresa disse que precisava de nós: — Para beber? — perguntamos, já armando uma desculpa em defesa do fígado. Felizmente não era.

O bem-posto cavalheiro, falante como um animador de auditório, afirmou que se quiséssemos beber só era um prazer oferecer a bebida, mas que vinha com outra intenção. Sua firma vai lançar lia praça um conhaque nacional (e ante a nossa cara de enjôo botou vírgula na frase e jurou que não é cachaça vagabunda fingindo de conhaque não. É conhaque no duro).

Mas... a firma vai lançar um conhaque e o departamento de promoções... vejam vocês, até pra vender essas coisas eles têm departamento de promoções ... o tal departamento lembrou que seria ótimo colocar o nome de Stanislaw Ponte Preta na beberagem.

Ora que coisa! Tanto rodeio para no fim vir propor que fôssemos padrinho de conhaque nacional. Claro que não. — Mas nós pagamos — insistiu o industrial. — Pagamos não. Pagariam. E não fariam mais do que a obrigação — dissemos nós, já a nos imaginar nas prateleiras dos botecos desta Buracap, devidamente engarrafado.

Agora vejam se fica bonito. Uma personalidade marcante como a nossa virar motivo de discussão em casa. A mulher dizendo para o marido, que chegou meio sobre o alcantilado para o jantar: "Chegou atrasado, não é, cachorrão? E ainda chega com bafo de Stanislaw Ponte Preta."

Se isto é proposta que se faça ao guia espiritual de milhares de leitores universais!

Como é que íamos ser respeitados depois de concordar com a proposta?

Estamos aqui a imaginar um pai a dizer para a filha: "Você é a vergonha da família, está viciada em Stanislaw Ponte Preta."

Não, de jeito nenhum. Que horror teríamos ao saber que um pilantra qualquer poderia chegar no balcão de um frege e berrar para o taberneiro, em noite de frio: "Me dá um Stanislaw aí pra me esquentar."

__________________________________________________________________________
Fonte: Tia Zulmira e Eu  - Stanislaw Ponte Preta - 6.ª edição - Ilustrado por Jaguar - EDITORA CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA S.A.

Dicas para relaxar no trabalho

Não tem nada mais desgastante que acordar cedo (e sempre atrasada), mal tomar café, aguentar o trânsito até o local de trabalho, suportar as pressões dos chefes, passar o dia inteiro na frente de um computador e ainda ter que lidar com os piripaques que o corpo dá diante de toda essa correria. Mas saiba que é possível amenizar a sensação de mal estar, melhorar o desempenho profissional e ainda aliviar a cabeça das tensões com atitudes simples e sem muito esforço. Descubra como é possível relaxar mesmo com uma pilha de obrigações para cumprir. É hora de mudar!

O sagrado cafezinho

Simples, quentinho, dá um gás a mais e mesmo assim consegue ser confortante. Fazer algumas pausas durante o expediente para tomar um bom café funciona muito bem como um respiro. Seja para simplesmente esticar as pernas e dar uma voltinha no corredor, conversar um pouco com as amigas ou apenas para tirar os olhos da frente do computador, o café é um excelente motivo para você parar tudo e desencanar. Mas e a cafeína?

“Em quantidades moderadas, de 400 a 500mg por dia (o que corresponde a até 4 xícaras), a cafeína não é prejudicial a saúde humana”, explica Darcy Roberto Lima, coordenador do programa Café e Saúde. Claro que, se você não gosta da bebida, a pausa para bebericar alguma coisa é válida do mesmo jeito. Usar a frase 'Vamos tomar um cafezinho?' para beber um suco, chá ou refrigerante não vai chatear os companheiros de café.

Esticada no corpo

Dor no punho de tanto digitar aquele relatório sem fim, que mais parece uma enciclopédia? Dor nas costas de passar horas sentada na cadeira, corrigindo provas? Exercícios repetitivos ou permanecer muito tempo na mesma posição é desgaste do corpo (e da mente) na certa. Para relaxar, nada melhor que um alongamento.

“Durante o expediente é indispensável a realização de exercícios de alongamento. Desta forma, pode se garantir uma melhora na postura, na elasticidade e no desgaste das articulações”, explica a fisioterapeuta Claudia Wanderck, diretora da Clínica Long Life de Fisioterapia.

E isso não significa que você terá que trocar seu horário de almoço por uma hora de academia. A fisioterapeuta garante que os exercícios podem ser feitos em pausas pequenininhas (que duram de 30 segundos a um minuto), sem atrapalhar seu rendimento. Escolha as regiões mais tensas e se dê essas paradas a cada meia hora.

Uma dica para alongar os punhos e antebraço é entrelaçar os dedos à frente do corpo e girar mãos e punhos dez vezes no sentido horário. Repita o exercício no sentido anti-horário. Simples, fácil e fará toda a diferença no final do expediente.

Um almoço diferente

Não tem nada mais relaxante que utilizar a hora do almoço degustando uma comidinha de primeira, sem pressa e sem aquele aglomerado de gente, típico das praças de alimentação de shopping. Se você não tem muitas opções perto do local de trabalho, procure levar uma marmita com aquele prato que você prepara em casa e ninguém faz melhor. Ou caminhe um pouco mais e procure um restaurante mais tranquilo, escondido.

Novidades gastronômicas podem deixar o seu dia mais interessante. Outra dica é almoçar sozinha de vez em quando. Ajuda a relaxar e ficar ausente dos assuntos profissionais, ao menos uma hora do dia. Neste caso, não se esqueça de desligar o seu celular!

Livro na bolsa e internet para divertir

Sobrou um tempinho entre um trabalho e outro? Use esses minutinhos livres com alguma leitura que nada tenha a ver com o que você faz no horário do expediente. Deixe sempre na bolsa ou no armário um livro de literatura, quadrinhos, arte ou mesmo uma revista. Serve até aquelas de fofoca, com novidades da novela, caso você se amarre no assunto.

Se você só tem o hábito de ler coisas na internet, aproveite esse tempo com sites com obras de escritores famosos ou mesmo aqueles com joguinhos online. É bom para tirar da mente aquele enrosco que você não consegue resolver no trabalho – e olhar novamente para o problema com a cabeça descansada.

Yoga no trabalho

Pode acreditar: você pode praticar alguns exercícios de yoga dentro da empresa. A ideia é usar essas práticas para total relaxamento e, consequentemente, dar um up no seu desempenho. “A ioga desenvolve a resiliência (capacidade de lidar com pressão e adversidade), pois ajuda no fortalecimento da pessoa, que deixa de sofrer tanto os impactos causados pela pressão”, explica Carlos Legal, consultor e diretor da Legalas Desenvolvimento e Yoga no Trabalho.

Se a sua empresa oferece aulas durante o expediente, aproveite e entre para o time. De acordo com o consultor, praticar duas vezes por semana, com aulas de uma hora, é o ideal. Caso você não tenha esse serviço disponível, que tal colocar esse assunto em pauta na próxima reunião? O custo é baixo: basta uma sala vaga e alguns colchonetes.

Passeio ao ar livre
Às vezes, acostumada com a pressa e a correria dentro do escritório, o almoço é engolido em minutos e você acaba voltando ao trabalho antes do tempo necessário. Aproveite essa folguinha para fazer uma caminhada pelo bairro, ainda mais se por perto existir parques, exposições ou mesmo uma simples pracinha. “Além de proporcionar um momento de bem estar, caminhar após o almoço auxilia na digestão”, garante a nutricionista Daniela Martins.

Massagem express

No shopping, supermercado, galerias, centros empresariais, nas ruas. As cadeirinhas que oferecem as famosas Quick Massage estão espalhadas por todos os cantos e não é difícil encontrar uma próxima a você. Basta separar alguns minutinhos e você terá corpo e mente renovados.

"São apenas 15 minutos. Reduz o estresse, relaxa, alivia as tensões, além de melhorar o bem estar físico e mental durante o expediente. É uma excelente técnica para quem tem pouco tempo e convive com a pressão durante o expediente de trabalho," garante o massoterapeuta Eduardo Rovero.

Sessão beleza

Tem flexibilidade de horário durante o expediente? Dê um pulo no salão de beleza mais próximo e peça para a manicure dar um trato nas suas unhas. Enquanto ela capricha para deixar suas mãos impecáveis, você relaxa fora do ambiente de trabalho. Depois de momentos de estresse, nada melhor que um incremento na auto-estima.

Música para os ouvidos

Prepare um lista com aquelas canções que, quando tocadas, sempre levam a você um bem estar danado. Pode ser a música que você ouve com o namorado, na hora da balada, que tocava durante suas férias na praia. A única regra é que ela traga sempre boas lembranças e faça você dar uma desligadinha do trabalho.

“O benefício global da música é que é uma ponte muito bem construída entre a mais íntima interioridade e o compartilhamento mais radical desta experiência”, explica Durval Mazzei Nogueira Filho, psicanalista e psiquiatra.

Fonte: iG