segunda-feira, 7 de maio de 2012

Chico Xavier, o detetive do Além

Era uma vez um moço ingênuo e feliz, vivendo numa cidadezinha ingênua e feliz, perto de Belo Horizonte. O moço se chamava Francisco Cândido Xavier e não desmentia o nome. A cidadezinha, Pedro Leopoldo, arrastava suas horas de doce paz, entre as missas de domingo e a chegada do trem da capital. Não se sabe como, numa noite ou num dia, Chico se mostrou inquieto e desandou a escrever. Terminando, disse, apenas, à família assustada:

- "Não fui eu. Alguém me empurrava a mão".

Desde esse dia ou essa noite, Chico Xavier perdeu o sossego e também o de sua cidade. Turistas chegavam, atraídos pela fama do moço-profeta. Pedro Leopoldo ia crescendo e Chico Xavier ia ficando importante. Nunca mais teve paz. Nunca mais pode sair pela rua, sem ouvir um pedido de saúde ou uma prece de gratidão. Se ao menos fôsse só isto. Era mais, muito mais. Eram os curiosos do Rio, de São Paulo e de Belo Horizonte, pedindo consultas ou detalhes pelo telefone interurbano. Era a legião de repórteres em busca de novas mensagens. O representante da editôra insistindo por outros livros. Os centros espíritas de todo o país solicitando pormenores. Uma vida infernal, agitada, barulhenta sacudia o pobre rapaz.

As luzes dos lampiões da cidadezinha nunca mais dormiram sem a presença de um estrangeiro, rondando pelas ruas dantes tão sossegadas.

Fixaremos, precisamente, a violenta mudança de vida de Chico Xavier e da cidade de Pedro Leopoldo. Não nos interessa, embora pareça estranho, o medium Chico Xavier, mas a sua vida. Os seus trabalhos psicografados - ou não psicografados - já foram assunto de milhares de histórias, divulgadas desde 1935. Se são reais ou forjadas, decidam os cientistas. Se ele é inocente ou culpado dirão os juízes. Se êle é casto, instruído, bondoso, calmo, diremos nós. Porque não somos detetives do além.

Se os espíritos nos ouvem, eles sabem que não acreditamos em suas mensagens, nem desacreditamos de suas virtudes literárias. A verdade é que não temos a bravura indispensável para avançar sobre o terreno pantanoso do outro mundo e analisar suas reais ou irreais comunicações utilizando aparelhos de escuta com êste pálido e sensitivo Chico Cândido Xavier.

Desde que saímos daqui, levávamos a inabalável determinação de fazer uma reportagem sem complicações, apesar do assunto em sua natureza extra-terrena mostrar-se absolutamente complicado. Assim é que o senhor, amigo, chegará ao fim destas linhas sem obter a certeza que há tanto tempo procura:

"É Chico Xavier um impostor ou não é?" E dirá: - "Não conseguiram desvendar o mistério!" Sim, o mistério continuará por muito tempo. Eternamente. E Chico Xavier morrerá, sem revelar o segredo de sua extraordinária habilidade ao escrever de olhos fechados, se é mágico, ou de seu fantástico virtuosismo, ao chamar, além das fronteiras da vida, as almas dos imortais, fazendo-os recordar os velhos tempos da Academia. Nossa intenção é mostrar o homem. Sem o espírito dentro de si, nos momentos vulgares, Chico Xavier é adorável, cândido, maneiroso, humilde, um anjo de criatura.

A frase de uma vizinha define melhor: - "Sabe, moço? O Chico é um amor". Justamente dêsse tipo desconhecido, da parte anônima de sua devassada vida, é que tratamos, na hora e meia que permanecemos em Pedro Leopoldo. Para começar, diremos que Chico nunca teve uma namorada.

O tempo de viagem de Belo Horizonte a Pedro Leopoldo não vai além de hora e meia. A meio caminho, encontramos a fazenda federal onde Chico Xavier é dactilógrafo. O motorista não quer entrar. - "Aí, não. Até os zebus são atuados". O diretor, Rômulo, está na horta, sòzinho. Ele nos dará, talvez, esclarecimentos sôbre a vida de Chico e, quem sabe, facilitará o encontro com o sensitivo. Ouve o pedido. Depois, lentamente, abana a cabeça e o seu "não" é inflexível, desde o primeiro minuto. Alega um milhão de coisas. Que Chico anda cansado e precisa repousar. Um de nós lembra a possibilidade dele, diretor, dar umas férias a Chico. - "O Chico funcionário nada tem a ver com o outro Chico". Apresentadas as despedidas, êle adverte: - "Não creio que será possível aos senhores um encontro com êle. Creio que vão esperar até sexta-feira".

Voltamos a deslizar pela estrada, neste sábado negro. A cidade aparece depois de uma curva. - "Onde fica a casa do Chico Xavier?" O menino aponta a igreja. - "Ali, na rua da matriz. Ele mora com a família". Encontraríamos, em várias oportunidades, a mesma designação do pessoal do município: êle. Todos apontavam Chico, sem recorrer ao nome. Êle só podia ser êle. - "Minha irmã foi curada por êle".

Ei-lo aqui, diante de nós. Veio a pé da fazenda e em sua companhia um senhor do Rio, que algumas vêzes vem passar semanas com o medium. - "Gosto de falar com êle. É um rapaz de cultura. Discute vários assuntos, lê um pouco de inglês e de francês. Devora os livros com fúria. Trouxe-lhe, há dias, "O homem, êsse desconhecido" e êle não gastou mais de quatro horas e meia para ler o volume gordo. É um prazer para êle. Seu único amor é o espiritismo".

Chico, perto de nós, não está ouvindo a palestra. Conversa com Jean Manzon. Devemos esclarecer que não dissemos qual a organização jornalística em que trabalhávamos. Queríamos ver se o espírito adivinhava. Não houve oportunidade.

Chico parecer ser um bom sujeito. Suas ações, mesmo fora do terreno religioso pròpriamente dito, são ações que o recomendam como alma pura e de nobres sentimentos. Vão dizer, os espíritas, que é natural: todo o espírita dever ser assim. Sei de um que não teve dúvida em abandonar a espôsa, o lar, sete filhos, um dos quais doente do pulmão.

- "Na rua, entre seus irmãos de seita, - disse-me um dos filhos - êle se mostrava esplêndido, generoso, cordial. Em casa, por pouco não botava fogo nas camas, à noite. Parecia um verdadeiro demônio. Guardava até alface no cofre-forte”.

Já o Chico não é assim. Sua nobreza de caráter principia em casa. Todos os seus irmãos e irmãs louvam a sua generosa e invariável linha de conduta, protegendo-os, hora a hora, dia a dia, através dos anos, trabalhando como um mouro. Um de seus sobrinhos sofre de paralisia infantil. Atirado a um berço, chora eternamente. Sòmente o Chico vai lá, fazer companhia ao garôto, às vêzes uma noite inteira.

- Chico!
- Que é, meu senhor?
- Você lê muito?
- Não. Só revistas e jornais.
- O outro disse...
-Disse o quê.
- Nada.

Ele nos olha, surpreso, quando a pergunta, como um busca-pé, sai correndo pela sala:

- Você, não pensa em se casar, Chico?
- Eu, casar? (Dá uma gargalhada) - Claro que não.
- Não namora?
- Nunca.
- Por que?
- Não há razões. Não gosto. Tenho outras preocupações. Ora, eu namorando... Tinha graça...
- Chico...
- Que é?
- É verdade que o padre desafiou você para um duelo verbal?
- Ele disse pra eu ir à igreja discutir. Não é lugar próprio.
- Você gosta do padre, Chico?

E ele, o ingênuo e feliz Chico, respondeu:

- Ué, eu gosto do padre, mas ele não gosta de mim.
- Chico...
- Que é?
- Onde estão suas mensagens?
- Um irmão levou tudo, em vista de tantas complicações.
- Você vai ao Rio?
- Até agora, nada resolvemos. Possìvelmente, mandarei uma procuração.

Numa estante, os livros de Chico. Versos de Guerra Junqueiro, Tolstoi e uma porção de autores mortos. Na sala do lado está a mesa onde êle recebe as mensagens. Uma papelada branca, pronta para ser coberta pelas mensagens do outro mundo. Sexta-feira houve mais uma sessão, desta vez presidida pelo chefe do executivo municipal. Humberto de Campos não compareceu mas o Emanuel, guia de Chico, lá estava. Quem é Emanuel? Um romano que existiu na mesma época de Jesus e conta um mundo de coisas interessantes sôbre a terra, naqueles tampos de há dois mil anos.

- Ele dita?
- Vou psicografando as mensagens. Há outros mediuns, como um norte-americano, que ouve as vozes dos espíritos tão alto que os presentes também escutam. Eu ouço. Os outros, que estão perto, não.
- Chico...
- Que é?
- Já teve oportunidade de falar com espírito de homens célebres?
- Homens célebres?
- Napoleão, para um exemplo, já falou consigo?
- Que eu saiba, não. Os assuntos bélicos não são freqüentes, nas mensagens que recebo do além. Há seis anos, entretanto, meu guia Emanuel previu os principais acontecimentos que hoje revolucionam a terra. Ele disse: - "A vitória da fôrça é fictícia".

O cavalheiro do Rio acode:

- E o próprio Chico, meses antes, previu a queda da Itália. Ele disse, categòricamente, que a Itália seria a primeira a cair. E a Itália foi a primeira a cair.

Pedro Leopoldo é a cidadezinha de uma rua grande e uma porção de ruas pequenas, convergindo para ela como servos humildes do rio principal. A casa de Chico é uma das melhores do lugar. Três quartos, sala e cozinha. O banheiro é lá fora, no fundo do quintal, ao lado do galinheiro.

Chico se levanta de madrugada e vai dar milho às galinhas. Depois, sua irmã solteira faz o café, que êle toma com pão dormido, porque o padeiro ainda não chegou. Apanha a pasta de documentos da fazenda federal, e vai andando pela estrada, ainda coberta pela neblina. Volta para almoçar às onze horas. O expediente se encerra às dezoito horas, mas Chico, nestes dias de maior trabalho, faz serão.

Sua vida é frugal. - "Quero que compreendam o seguinte: não vivo das mensagens de além-túmulo. Tenho necessidade de trabalhar para sustentar minha família. Se quase me dedico inteiramente a receber as comunicações, ainda se entende. O pior, entretanto, é a onda de gente que vem do Rio, de São Paulo e de todos os Estados".

- Peregrinos?
- Mais ou menos. Não posso deixar de recebê-los, pois fico pensando que vieram de longe e necessitam de consôlo. Isto leva tempo, toma tempo. Como se não bastassem essas preocupações, o telefone interurbano não pára dia e noite. - "Chico, Rio está chamando... Chico, Belo Horizonte está chamando... Chico, São Paulo está chamando... Chico, Cachoeira está chamando..." Evito atender, mesmo constrangido. Meu Deus! Eu não quero nada, senão a paz dos tempos antigos, o silêncio de outrora. Quero ser de novo aquêle Chico sossegado e tranqüilo que apenas se preocupava com as coisas simples...
- Impossível a viagem de volta...
- Impossível? Não, não é impossível. Eu voltarei a ser aquêle sossegado Chico. Não tenha dúvida.
O repórter imagina, a essa altura, que ele acredita na possibilidade de suas comunicações, com o além serem repentinamente suspensas. Vai perguntar ao Chico, mas uma senhora de cor negra entra na sala, carregando um benjamim de olhos assustados.

- "Trago para o senhor, Seu Chico..."

Ele segura com trinta mãos, cheio de cuidados, o bebê e o bebê faz um berreiro dos diabos, agita as pernas, sacode as pernas dentro da prisão dos braços de Chico. Ele sorri e devolve o menino à mãe.

- Meu sobrinho - explica o profeta Chico - é nervoso e fica dêste jeito. Sabe por que? Ele sofre de paralisia infantil.
- Não tratam dele?
- Não temos recursos. Já deixei claro que não recebo um centavo pelas edições dos livros que me chegam do além. Assino um documento autorizando a livraria da Federação Espírita Brasileira a editá-los e, sòmente após ficarem impressos, recebo uns cinco ou dez exemplares, para dar aos amigos.

Vamos atravessando a sala e entramos num dos quartos. Na parede, prateleiras repletas de livros. Remédios à base de homeopatia, que Chico recomenda. Não sei porque os espíritos manifestam estranha aversão pela alopatia e suas drogas, receitando sempre combinações homeopáticas. Perto dos vidros, um armário cheio de livros. As obras de guerra conta a Santa Sé, assinadas por Guerra Junqueiro, ainda em vida. Os livros de Flammarion e de Alan Kardec, mas não os psicografados, misturados com volumes de propaganda anticlerical. Na parede, dependurado, um velho pandeiro.

- Quem toca pandeiro nesta casa?

Chico sorri o sorriso beatífico e diz que não é ele.

- Alguns espíritos?

O sorriso beatífico desaparece.

- Os espíritos não tocam pandeiro.

Saímos para a rua, hoje, sábado movimentado. O povo de Pedro Leopoldo passeia diante da Igreja que domina de forma esquisita a casa do humilde psicógrafo que Clementino de Alencar, certo dia, foi roubar de sua vida serena há dez anos. Hoje, Pedro Leopoldo é a Jerusalém do credo de Kardec. Já tem hotel e telefone. O povo de lá, por estranho que possa parecer a quem não conhece pessoalmente o nosso amigo Chico, revela invariável amizade. Será orgulho pela celebridade que ele deu ao município? Sim, porque antes de Chico, Pedro Leopoldo nem existia nos mapas de Minas Gerais. Gostam dele, de seus modos, de sua cara asiática, onde um dos olhos empalideceu sùbitamente, como um farol apagado em pleno caminho da luz.

A cidade tem uns treze mil habitantes, contadas as aldeias próximas, mas, espíritas, uns quatro ou cinco. Todos apreciam Chico, gregos e troianos. Gostam, mas preferem não rezar o seu catecismo. Ele não se importa. Não procura convencer ninguém à força de seu estranho e discutido poder. Quando a carta precatória, intimando-o a depor, chegou a Pedro Leopoldo, Chico leu devagarinho e abanou a cabeça. - "Eu não posso mandar uma intimação judicial às almas!" E não deu mais importância ao caso.

Até à volta, sereno Chico. De todas as pavorosas complicações, você é o menos culpado. Parece uma caixa de fósforo num mar bravio. Uma velha beata de Pedro Leopoldo me disse que isto é castigo: - "Castigo, sim, nhô moço... Antão, êle telefona pro inferno e manda chamar os espíritos e depois num quer se aborrecer?"

Já o trombonista de Pedro Leopoldo deve pensar diferente: - "Por que será que o Chico só sabe receber mensagens escritas? Por que não recebe músicas de Beethoven, de Chopin, de Carlos Gomes?"

Ele, o moço amável de Pedro Leopoldo, não dá maior atenção aos comentários e vai levando como pode a sua vida. É pena, entretanto, que êle não tenha as qualidades artísticas que vão além do terreno literário. Se fôsse assim, Pedro Leopoldo teria, senhores, não apenas o psicógrafo Chico, mas também o músico Chico, o pintor Chico, o profeta Chico. Isto mesmo: o profeta Chico.

O Cruzeiro - 12 de agosto de 1975 - Texto de David Nasser e fotos de Jean Manzon.

Fonte: Memória Viva apresenta: O Cruzeiro.

O tacape de Tibiriçá

Entre os chefes indígenas que no amanhecer do Brasil, ao se iniciar nossa colonização, fizeram causa comum com os portugueses, o mais ilustre foi, sem dúvida, aquele à sombra de cuja fiel amizade devemos o estabelecimento de Piratininga, berço da metrópole paulistana de nossos dias.

Foi o famoso Tibiriçá, sogro do misterioso e discutido João Ramalho, e aliado de Martim Afonso de Souza, cujos nomes tomara ao ser batizado pelos jesuítas. O genro, no entanto, foi acérrimo inimigo destes, sobretudo devido à questão da escravização dos índios, índios que os padres cristãmente defendiam.

Graças à proteção de Tibiriçá, ao calor de seu prestígio pessoal no meio da indiada, se produziram as primeiras mestiçagens, nasceram os primeiros rebentos daquela destemida raça de mamelucos paulistas que haveria de unir por suas impávidas bandeiras os mais afastados rincões de nosso imenso país.

O nome indígena Tibiriçá significa príncipe da Terra. É quase um título honorífico. Esse chefe dos guaianás de Piratininga se deixara converter à fé cristã pelos padres José de Anchieta e Leonardo Nunes.

Graças a Tibiriçá, puderam os padres da companhia de Jesus permanecer no planalto piratininguense e fundar ali seu primeiro povoado missioneiro, Santo André da Borda do Campo. Enviados, pra esse fim, de São Vicente por padre Manuel da Nóbrega, escalaram, vencendo mil dificuldades, a serra de Cubatão e atingiram o platô treze sacerdotes chefiados por Manuel de Paiva. No grupo, figurava como mestre-escola o grande José de Anchieta. Na defesa de nossa missão jesuítica, Tibiriçá combateu em 1562 até contra seu próprio irmão, o tuxaua Arari.

O grande historiador Southey pintou admiravelmente, em poucas palavras, como viviam esses heróicos civilizadores do gentio: Dormiam em rede e nem tinham roupa de cama: De porta lhes servia uma esteira pendurada à entrada. As roupas também foram calculadas à região menos vizinha do céu, pois eram de algodão as poucas que tinham, e andavam sem calça nem sandália. Mesa lhes eram folhas de bananeira...

Nessa grande pobreza, diz o próprio Anchieta que se podiam dispensar os guardanapos, visto como nada havia que comer. De fato, se alimentavam apenas do que lhes davam os índios, o que não podia ser muito nem escolhido. As vezes, de esmola, recebiam alguma cuia de farinha de mandioca. Noutras, mais raras, algum peixe de córrego ou alguma caça da selva. E as frutas do mato.

A subida da serra do Cubatão, donde se avistava o mar, a Paranapiacaba dos tupis, fora verdadeira epopéia, segundo nos conta o historiador da companhia, padre Simão de Vasconcelos. Tinham escalado a pé, rompendo a mataria, íngremes perambeiras, se pendurando de raízes e cipós, as mãos e os pés escalavrados, em sangue, o corpo e o rosto banhados pelos espinhos, se arriscando a encontro de feras e sobretudo de cobras venenosas. Ad majorem Dei gloriam! Venceram tudo isso pra maior glória de Deus. E dessas misérias e lutas brotariam, no futuro, a grandeza e a fortuna de São Paulo.

Testemunha e personagem das principais, nessa época de fé e elevação moral, o morubixaba Tibiriçá foi, na verdade, o laço que unia, no mesmo instintivo desejo de progresso, no mesmo informe anseio de futuro, o índio bravio e o aventureiro civilizado, sob os braços acolhedores, pacificadores e luminosos da Cruz.

Esses primitivos tempos da gloriosa Paulicéia são recordados em nossos tumultuosos dias por uma relíquia preciosíssima: O tacape de guerra do chefe indígena Martim Afonso Tibiriçá, ivirapeme de madeira duríssima, o pau-ferro, talhada conicamente em forma de moca ou maça, bastante pesada, porém fácil de manejar por um homem adestrado e robusto. Lhe levou o tempo o trançado de palha do punho, que evitava escorregasse da mão que a brandia. Lhe levou, também, os ornatos de penas multicores. Todavia, embora nua e negra, essa arma de choque evoca, em nosso espírito, a rude época em que zunia em golpes terríveis, rompendo ossos e crânios de inimigos, nas bárbaras refregas da indiada.

A autenticidade dessa peça requer uma documentação comprobatória. O tacape de Tibiriçá pertenceu, durante longo tempo, ao imperador dom Pedro II. Sua majestade o ofereceu, quando visitou São Paulo, ao grande estudioso de nossos selvagens, general Couto de Magalhães. Nenhum presente agradaria mais ao notável indianista, um dos fundadores de nosso folclore. Das mãos dos descendentes daquele general passou, em São Paulo, às de doutor João Vieira da Costa Valente.

Durante muito tempo teve o tacape colado a sua face um retângulo de papel com a declaração autografada de Couto de Magalhães o haver recebido de dom Pedro II, que lhe afirmara ser o mesmo do grande Tibiriçá. O tempo infelizmente destruiu essa etiqueta. Há, porém, declarações escritas e autenticadas de pessoa da família sobre o assunto.

Martim Afonso Tibiriçá faleceu em São Paulo, cercado de seus inúmeros descendentes e do respeito geral, em 25 de dezembro do ano da graça de 1562. Escrevendo ao reino em 10 de abril do ano seguinte, 1563, dizia Anchieta com saudade: Morreu nosso principal, grande amigo e protetor. Então, João Ramalho, livre da influência do sogro, pôde guerrear à vontade aos padres da companhia.


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Fonte: "Segredos e revelações da história do Brasil", Gustavo Barroso - Edições O Cruzeiro - 2ª edição - Agosto de 1961.

O padrão de São Vicente

Marco padrão, construído em 1932
sobre a pequena ilha Pedra do Mato
Esse padrão (foto) encimado pela cruz templária da ordem de Cristo, esguio e solitário, de pedra amorenada pelo sol e alisada pelo vento, se projetando ao céu e refletido na água assinala o terceiro passo da civilização luso-cristã em terra brasileira. O primeiro marco foi levantado por Pedro Álvares Cabral na areia de Porto Seguro. Cristóvão Jaques ergueu o segundo em Itamaracá. Martim Afonso de Souza cravou o terceiro perto dum ilhéu rochoso e agreste do litoral paulista.

O segundo foi semente de Olinda–Recife–Pernambuco. Foi o terceiro semente de Piratininga–São Paulo, a marcha ao sul e ao oeste, o recuo do meridiano, em 1494 firmado teoricamente pela convenção de Tordesilhas. E, entre esses pontos extremos a que então chegaram os lusos, batendo a imensa costa, Tomé de Souza alicerçaria, mais tarde, os muros de taipa da cidade de Salvador, primeira cabeça do estado do Brasil.

Do ciclo das navegações costeiras, entre 1501 e 1530, do qual participaram os portugueses, muitos franceses e alguns espanhóis, resultaram, esparsos no litoral, desterrados, desertores e náufragos, que se uniram às índias. Era o povoamento por mestiçagem que começava. Ao transpor a frota de Martim Afonso de Souza a barra de São Vicente e ao fundear entre suas pequenas ilhas, a indiada se aglomerou nas praias.

Desembarcou o capitão-mor no porto chamado de Tumiaru e ali encontrou, vivendo entre os selvagens, com mulher e filhos, o português Antônio Rodrigues, companheiro de João Ramalho, que galgara a serra do Mar e, casando com a filha do chefe Tibiriçá, povoara, na planície de Piratininga, a aldeia de Inhapuambuçu, depois Santo André da Borda do Campo. Em Itararé, curta praia existente entre a ilha do Sol, crismada agora em Porchat, e a ponta do morro de Santo Antônio, antigo Tumiaru, se lançou o fundamento da primeira vila de São Vicente, a primeira também do Brasil, com o apoio dos morubixabas guaianás do planalto: Tibiriçá e Caiubi.

Os índios litorâneos chefiados por Piquerobi, apesar da filha deste ser mulher de Antônio Rodrigues, preferiram se retirar ao sertão a se aliarem aos portugueses. Doze anos após a fundação, em 1544, o mar, avançando sobre a terra, a inundou e submergiu a sempre a Vila de Martim Afonso de Souza, que renasceu em 1555 ao redor da Igreja de Nossa Senhora da Assunção, que se salvara, ao pé do morro de Santo Antônio, local onde perdura.

A expedição de Martim Afonso de Souza, que encerrou o ciclo da exploração costeira em nossa história, foi a maior tentativa até aquela data realizada pelo governo de Portugal pra resolver o problema da colonização do vastíssimo país encontrado pela armada cabralina, nele fundando um império que se baseasse em mais sólidas riquezas do que a extração do pau-brasil, apropriada tão-somente a monopólios comerciais sem espírito civilizador ou à aventura mercantil de interlopes isolados. Seu plano incluía uma amplitude que faltou à ação de seus predecessores, simples exploradores da linha costeira ou guardas costeiros contra os franceses.

Martim Afonso de Souza partiu de Lisboa no dia 3 de dezembro de 1530, trazendo em seus quatro navios, a este lado do Atlântico, os elementos básicos, humanos e materiais duma civilização rudimentar: Homens de arma, de saber e de arte mecânica, utensílios, ferramentas e sementes. Compunham essa armada matriarca, que conduzia o embrião social do Brasil, como escreveu a propósito Carlos Malheiro Dias, a nau São Miguel, o galeão São Vicente, as caravelas Princesa e Rosa, sob o comando de experimentados capitães: Heitor de Souza, Pero Lobo Pinheiro, Baltasar Gonçalves e Diogo Leite. E ao capitão-mor, mandado a colonizar tão longínquas regiões, dera o rei, por antecipação, o título de governador. Foi, assim, o fundador de São Vicente o primeiro governador do Brasil.

A armada transpôs a água das Canárias, costeou a África e, na altura do arquipélago de Cabo Verde, investiu o oceano, rompendo destemidamente os temporais, até avistar, no último dia de janeiro seguinte, a terra do Brasil, ao longo de cujo litoral deu caça aos navios franceses: Diogo Leite se apoderou duma nau nesse mesmo dia, abarrotada de brasil. Ao sul do cabo de Santo Agostinho tomou a esquadra outra carregada de brasil. Dias depois conquistou uma terceira, de abordagem, no fim de 36 horas de fogo de artilharia.

Em 17 de fevereiro de 1531 refrescou a frota em Pernambuco. Havia dois meses que a nau francesa La Pelérine saqueara e destruíra a feitoria de Itamaracá. Dali, Diogo Leite, com as caravelas, seguiu ao Norte, a descobrir o rio Maranham. João de Souza regressou ao reino com notícias e pau-brasil, numa das suas naus tomadas dos franceses. A outra, crismada em Nossa Senhora das Candeias, se incorporou à frota sob o comando do irmão do capitão-mor governador, Pero Lopes de Souza, cujo Diário de navegação é a crônica viva da epopéia.

Na baía de Todos os Santos, em março de 1531, Martim Afonso de Souza encontrou o patriarca da miscigenação luso-tupi, Diogo Álvares, o Caramuru, que ali se encontrava desde 1519. Já a gente da terra era toda alva, diz Pero Lopes, os homens muito bem dispostos e as mulheres muito formosas. Ali ficaram dois homens com sementes pra fazerem experiência do que a terra dava. E ainda os cativos duma caravela, que arribava de Sofala e fora agregada à frota. Porventura os primeiros negros que tomaram pé no Brasil.

Meses demorou a expedição no remanso da Guanabara, onde consertou os navios e construiu dois bergantins destinados à conquista do Rio da Prata, fim último a que se destinava. Tempo foi suficiente pra quatro homens, mandados pelo capitão-mor governador, penetrarem as terras e voltarem com notícia e um chefe de tribo que recebeu muitos presentes. A primeira bandeira que explorou o interior. E prosseguiu a viagem ao sul. Em Cananéia, estavam esperando os navegadores dois dos primeiros povoadores da costa: Francisco Chaves e um bacharel degredado.

À indiada, que ocorria, alvoroçada, à praia, falou, em sua própria língua, o abanheenga,10 o piloto Pedro Ames. No lagamar de Santos, balizado no fundo pela muralha azul-verde de Paranapiacaba, por a todos parecer tão bem a terra, o capitão determinou a povoar, dando a todos os homens terra pra fazer fazenda. E dali seguiram ao sertão ignoto, cuja largura se desconhecia, buscando o império dos Incas, donde manavam a prata e o ouro, os oitenta besteiros e arcabuzeiros da grande bandeira organizada por Martim Afonso de Souza e comandada por Pero Lobo e Francisco de Chaves, que os carijó chacinaram na margem do Iguaçu.

De Pernambuco Martim Afonso de Souza enviara duas caravelas ao norte. Em março de 1531 entravam na baía de São José, em abril na de São Marcos e em junho na de São João. Atingiram, afinal, a foz do rio Gurupi, que se chamou Abra de Diogo Leite, segundo consta do mapa de Gaspar Viegas, de 1534. Ao sul foi mandado, de Santos, Pero Lopes de Souza ao rio da Prata, que devia explorar e colonizar. Lhe foram, porém, os fados adversos. Na altura do arroio Chuí, predestinado a definitivo limite entre a América portuguesa e a espanhola no rumo meridional, o mar em fúria fez naufragarem a nau-capitânia e um dos bergantins, se perdendo sete homens, arma, mantimento, utensílio, tudo o que se destinava à obra colonizadora. Reunindo o conselho dos capitães e pilotos, se decidiu, na dura contingência, renunciar àquela empresa, se encarregando Pero Lopes com o bergantim restante e 30 homens de erguer no estuário platino os padrões de posse da coroa portuguesa. A caravela de Sofala, Santa Maria do Cabo, recolheu os náufragos na costa sulina e ainda trouxe a São Vicente outros náufragos, esses espanhóis, em número de 15, relíquias da expedição malograda de Juan Días de Solis ao rio da Prata, que se encontravam no porto de Patos, em Santa Catarina.

Em data incerta do primeiro semestre de 1533 Martim Afonso de Souza partiu de São Vicente, ali ficando, como seu lugar-tenente no cargo de capitão-mor e governador da capitania, Gonçalo Monteiro. Deixava no Brasil os primeiros materiais duma civilização: A igreja, o município, o estaleiro, o tombo das sesmarias, o pelourinho, emblema da justiça. Enquanto não partiu à Índia, o donatário se ocupou da longínqua capitania brasileira, cuja doação o bei lhe comunicara em carta trazida por João de Souza a São Vicente. Até lá expediu colonos, animais domésticos e sementes, contratando agricultores e mecânicos habilitados na cultura e fabricação do açúcar.

No regresso de São Vicente a Portugal, Pero Lopes de Souza retomou dos franceses o forte de Itamaracá e os mandou executar como exemplo, pra castigo de sua felonia.

Martim Afonso de Souza, primeiro colonizador e primeiro donatário do Brasil, primeiro capitão-mor governador, recebeu do rei dom João III os títulos pomposos de governador da Índia e capitão-mor dos Mares do Oriente. Com eles, à testa duma armada de 5 navios, partiu do Tejo em 12 de março de 1534. Arribou à Bahia e os franciscanos que levava a bordo ali batizaram os filhos legítimos e os naturais de Diogo Álvares, Caramuru, o patriarca que, usando duma poligamia bíblica, começava com outros do mesmo feitio a povoar estes Brasis. E essa obra povoadora continuava com a casamento de duas de suas filhas bastardas, uma com Afonso Rodrigues, natural de Óbidos, outra com o fidalgo genovês Paulo Dias Adorno, aventureiros fugidos de São Vicente, onde cometeram um crime. Assim, começou o Brasil a nascer.

E é tudo isso o que recorda o fuste de pedra do blasonado padrão que aponta o céu e se contempla no mar...
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Fonte: "Segredos e revelações da história do Brasil", Gustavo Barroso - Edições O Cruzeiro - 2ª edição - Agosto de 1961.

O cachorrinho de dois corações

Quem informa é o Departamento de Clínica Operatória e Cirurgia Experimental: operaram cinco cachorrinhos do tipo street dog e todos eles, numa experiência coroada de êxito, passaram a viver com dois corações. A operação feita pelos soviéticos, com tanta celeuma, acaba de ser feita aqui no Rio também e quatro cachorrinhos — um deles morreu — vivem perfeitamente com oito corações. Perfeitamente? — há de estar Deus perguntando. Perfeitamente, não.

Um dos cachorrinhos com dois corações fugiu do canil e trota solto pelas ruas do Rio, pulsando seus dois corações e isto não é bom para ele. Tivemos uma doce amada de dois corações e era de ver a angústia em que vivia, por não saber conservar aquilo que é a coisa mais linda numa mulher: o sentimento da fidelidade.

Aos cachorrinhos foi dado merecidamente o título de maior amigo do Homem, justamente por causa da sua impressionante fidelidade ao dono. Muito antes de se inventar a "alta-fidelidade", já a marca registrada da maior fábrica de discos e vitrolas do mundo tinha por símbolo um cachorrinho fiel, que se mantinha firme ao lado do fonógrafo, ouvindo a voz do dono com o deslumbramento de todos os cachorrinhos.

A fidelidade do cão é muito anterior à alta-fidelidade das vitrolas. O mundo inteiro sabe disso. Tanto que o disco, aqui, é "A Voz do Dono", na Inglaterra é "His Master's Voice", na França é "La Voix de Son Maitre", na Itália é "La Você dei Patrono".

Todo mundo sabe que o cão é a fidelidade em pessoa e dá tão comovedoramente seu coração que enternece a todos, com sua dedicação.

Mas... e o pobre cachorrinho que fugiu do Departamento "de Cirurgia Experimental? Como vai

poder viver fiel, como poderá viver cão como todos os cães, se carrega no peito dois corações? Não, o cachorrinho não é como as amadas infiéis, que muitos perdoam por serem como são.

Pobre cachorrinho de dois corações, se encontrar um dono e a ele se prender, por ser este o seu fanal de cão...

Pobre cachorrinho, porque terá um coração de sobra e há de dedicá-lo a alguém. E, se assim for, que entregue seus dois corações a um só homem, a um só dono, para provar ao mundo que os cães, mesmo com um coração sobrando, são muito mais dados à fidelidade do que as vitrolas, do que as mulheres, do que nós todos.

Ó pobre cachorrinho de dois corações, que você não fique indeciso entre dois postes.

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Fonte: Tia Zulmira e Eu  - Stanislaw Ponte Preta - 6.ª edição - Ilustrado por Jaguar - EDITORA CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA S.A.

O seguro do velho

Vocês que nos lêem sabem que em sociedade tudo se sabe. Não adianta o Medeiros Neto usar batina de padre, o Ibrahim Sued usar caneta-tinteiro, o Augusto Schmidt escrever livro de poesia, o Tenório sorrir com cara de bonzinho, nada disso adianta, porque em sociedade tudo se sabe.

Por exemplo, aqui está a notícia do que ocorreu em São Paulo com o cidadão de origem italiana Cario Magliani cujo, coitado, pensou que pudesse falcatruar impunemente e imaginou um golpe dos mais legais. Cario Magliani tinha um tio que também era Cario Magliani, mas que estava pela bola 7. Homem já velho, o Cario tio vinha sofrendo de diversos males, inclusive cardíacos.

Que fez Cario Magliani sobrinho, que era forte como um touro? Pois fez um seguro de vida de alguns milhões, colocando como beneficiário — em caso de morte — o tio em pandarecos. Isto — pensarão vocês — não tem nada demais. Mas pensarão vocês que são apressados. Cario Magliani pensou de outro jeito.

Mancomunado — segundo se suspeita — com um empregado da companhia de seguros, aproveitou o fato de seu nome e o nome do tio serem iguais, para rasurar o contrato de seguro, invertendo a coisa. Isto é, ele, que é forte e saudável, passou a ser beneficiário do tio, que estava com o pé na cova, só aguardando um empurrão amigo.

Foi um golpe fácil. Bastou mudar as datas de nascimento porque, no mais, ambos os Carlos eram naturais de São Paulo, eram residentes no mesmo local, tinham a mesma profissão, enfim, estava tudo facilitado.

Mas (aí é que está o chato), em sociedade tudo se sabe. Agentes da companhia de seguros descobriram a marmelada e estão processando o rapaz, coisa que chegou ao conhecimento do tio. E este, coitado, que era cardíaco e castigado pelo tempo, não resistindo ao vexame do sobrinho que criava, faleceu em dia da semana passada, em sua residência.

Aparentemente, esta história não tem nada demais. Vigaristas há em toda parte, tentando os mais complicados golpes.

Ledo engano, companheiro, ledo engano. Aqui a notícia diz que o velho morreu abalado com o seguro que o sobrinho fez.

Eis portanto que, pela primeira vez na História, em vez do seguro morrer de velho, foi o velho que morreu do seguro.

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Fonte: Tia Zulmira e Eu  - Stanislaw Ponte Preta - 6.ª edição - Ilustrado por Jaguar - EDITORA CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA S.A.

Dicas para a boa aparência

Todos querem ter uma boa aparência. Os sucos, além de trazer mais beleza física, podem trazem também o bem estar e, consequentemente, uma vida mais feliz. Muitas vezes, os sucos podem ajudar até mais que cosméticos. Há sucos que deixam a pele mais lisa, outros que dão saúde aos cabelos e força às unhas. Confira abaixo alguns benefícios que você poderá ter:

Cabelos fracos - Caso seus cabelos estejam caindo demais, tome sucos que contenham pepino.

Cabelos sem vida - O silício que há no damasco, no pimentão, na alface e na salsinha é excelente para tornar os cabelos lindos.

Envelhecimento geral - Para minimizar os efeitos exteriores da idade e sentir-se bem também por dentro, tome uma grande variedade de sucos que incluam salsão, melancia, cenoura e salsinha.

Olhos irritados - Olhos vermelhos, irritados e cansados podem acrescentar anos à aparência. Como remédio para isso, tome sucos ricos em folhas verdes e cenoura.

Pele áspera, envelhecida - Qualquer suco contendo damasco ou pêssego é ótimo para tornar a pele macia, elástica. Misturar um pouco de suco de batata com suco de cenoura é excelente para a pele.

Pele feia - A alta concentração se silício em hortaliças como pimentão, brócolis, repolho e verduras de folhas contribuem para a beleza da pele. Cenoura, gengibre e pepino também são bons.

Unhas fracas - Para unhas fortes, bonitas, que não lascam e resistem a rachaduras, experimente sucos que contenham pepino.

Fonte: Faz Bem

Consumo de peixe reduz infarto

Pessoas que comem peixe com frequência correm menos risco de ter um ataque cardíaco nos Estados Unidos, na Europa, no Japão e na China. Essa foi a conclusão à qual chegaram pesquisadores do Karolinska Institutet, de Estocolmo, Suécia, após analisar 15 estudos recentes sobre o tema.

Susanna Larsson e Nicola Orsini, médicos responsáveis pela análise, explicam que os ácidos graxos do tipo Ômega-3, muito presentes em peixes mais gordurosos, como salmão e arenque, reduzem o risco de infartos por terem efeitos benéficos na pressão sanguínea e no controle do colesterol.

Além dos 15 estudos, Larsson e Orsini analisaram ainda cerca de 400.000 pessoas, de 30 a 103 anos de idade, que foram acompanhadas por um período que variou de quatro a 30 anos. A conclusão é que pessoas que comem três porções semanais de peixe têm 6% menos chance de sofrer um ataque cardíaco. A diferença do risco de infarto entre os que mais comem e os que menos comem chega a 12%.

Em entrevista à Reuters, Dariush Mozaffarian, epidemiologista da Harvard School of Public Health e autor de um dos estudos analisados, disse que os "peixes fornecem um pacote muito benéfico de nutrientes" - além do Ômega-3, a vitamina D, o selênio e alguns tipos de proteínas podem fazer bem à saúde do coração.

"São muitas as evidências de que duas ou três porções de peixe por semana já são suficientes para diminuir as possibilidades de infarto", resume.

O estudo de Mozaffarian atenta ainda para diferenças entre dietas com diferentes tipos de peixe e reporta que peixe frito e sanduíches de peixe não partilham do mesmo benefício.

Fonte: Veja

Roland Garros, apaixonado por voar

Garros, de terno escuro e bigode: francês ajudou a impulsionar a aviação brasileira (Foto: AFP).

Roland Garros batiza um torneio de tênis, mas ele gostava mesmo é de aviação. O francês que dá nome a um dos torneios de tênis mais famosos do mundo estudou música e por pouco não se tornou um exímio pianista de orquestra. Mas, como acontecia com vários intelectuais do começo do século 20, Roland Garros (1888-1918) também era adepto de diversos esportes, como ciclismo, hóquei, rúgbi e tênis. No entanto, não era um tenista profissional.

Sua verdadeira vocação era voar. Apaixonado por shows aéreos, ele encomendou seu primeiro modelo ao brasileiro Santos Dumont. Logo já fazia piruetas pelo ar e colecionava recordes de altitude e velocidade. O feito mais notável foi em 1913, ao atravessar o mar Mediterrâneo em 7 horas e 53 minutos - um tempo espantoso para a época.

Na Primeira Guerra, ele inovou ao colocar uma metralhadora em seu Morane Tipo L. Nascia o avião de caça. "Os tripulantes até levavam armas, mas a eficiência era mínima. Garros criou uma plataforma de tiro muito precisa", diz Henrique Lins de Barros, historiador da técnica do voo do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas.

Mas, em 1915, um atirador alemão acertou Garros e forçou-o a aterrissar. Escapou em 1918 e voltou ao front, apenas para morrer a cinco semanas do fim da guerra. Esse gesto fez Roland Garros batizar o campeonato de tênis, iniciado em 1928.

O aviador, estreou ponte aérea Rio-SP

Conhecido mundialmente por ser o primeiro aviador a cruzar o Mar Mediterrâneo sem fazer escalas, o homem que dá nome ao Grand Slam parisiense teve um papel importantíssimo no desenvolvimento da aviação brasileira e foi, ao lado do paulista Edu Chaves, o primeiro a cruzar a distância entre São Paulo e Rio de Janeiro em uma aeronave.

Nascido em Saint-Denis, Roland Garros conheceu o mineiro Santos Dumont no início do século XX e ficou encantado pelas invenções do brasileiro. Praticante de esportes como ciclismo, rúgbi e tênis – nunca profissionalmente -, o jovem europeu, em 1909, resolveu se arriscar nos céus e comprou o Demoiselle, último invento de Dumont, para iniciar seu treinamento.

aviador Roland Garros e Santos Dumont (Foto: Divulgação)Roland Garros (dir) aprendeu a voar em um avião do brasileiro Santos Dumont (centro) (Divulgação) O leque de amigos brasileiros de Garros aumentou rapidamente e, de aluno, o francês logo passou a professor. Em 1911, foi um dos convidado pela Queen Aviation Company Limited, de Nova York, para fazer uma demonstração no Rio de Janeiro. Na então capital do país, levou para voar pela primeira vez o campista Ricardo Kirk, que se tornaria o pai da aviação militar brasileira.

No ano seguinte, ao lado de Edu Chaves, membro de uma tradicional família de cafeicultores paulistas, foi o primeiro a completar o percurso Rio-São Paulo pelo ar, estreando a ponte-aérea. A aventura na América do Sul aguçou ainda mais o espírito desbravador de Garros, que voltou ao velho continente para marcar de vez seu nome na história. No dia 23 de setembro de 1913, o já experiente piloto partiu de Fréjus, no sul da França, rumo a Bizerte, na Tunísia. Ao completar o percurso, após 7h53m de voo, tornou-se o único até então a atravessar o Mar Mediterrâneo sem fazer escalas.

Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, o aviador transformou-se em piloto de guerra e teve atuação importante no desenvolvimento dos caças. As cinco vitórias que obteve em batalhas lhe renderam o título de “Ás” da aviação. Foi capturado pelos alemães em 1914, mas conseguiu fugir e voltar ao front. Em 1918, porém, três semanas antes do fim do conflito global, foi abatido pelos adversários.

E por que um aviador que nunca jogou tênis profissionalmente dá nome a um dos principais e mais tradicionais torneios do mundo? Roland Garros era sócio do Stade Français, clube que em 1928 cedeu à Federação francesa de tênis um terreno de três hectares para a construção das novas quadras, necessárias devido ao aumento de popularidade da competição, cuja primeira edição foi realizada em 1891. A única exigência era que o complexo fosse batizado em homenagem a um de seus membros. Garros, falecido dez anos antes, foi o agraciado.

Fontes: Aventuras na História; Globo Esporte.

Mitos e verdades sobre o câncer

Instituto do Câncer de São Paulo alerta sobre mitos que dificultam o controle e diagnóstico do câncer. Crenças populares sem respaldo científico podem prejudicar a detecção precoce do câncer e o tratamento da doença.

"Com o maior acesso à internet pela população, o que poderia ser um facilitador da busca por informações pertinentes, nota-se, também, a propagação de diversos mitos e inverdades sobre o câncer", afirma o oncologista Paulo Hoff, diretor geral do Icesp - Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, ligado à Secretaria de Estado da Saúde e à Faculdade de Medicina da USP.

Confira o alerta do Icesp sobre mitos e verdades sobre a doença.

 Mitos

- Uso de desodorantes pode causar câncer de mama.

- Somente quem tem histórico familiar está sujeito a desenvolver a doença.

- Ingestão de leite prejudica o tratamento do câncer.

- O consumo de adoçantes provoca o surgimento da doença.

- Falta de higiene nas regiões íntimas não está relacionado ao câncer.

- Câncer é uma doença contagiosa.

- Pessoas negras não têm câncer de pele.

- Segurar a urina dá câncer de bexiga.

- Prática de relações sexuais sem preservativos não aumenta risco de desenvolvimento da doença.

- Implantes de silicone podem provocar câncer de mama.

- Alimentos preparados no micro-ondas podem provocar câncer.

- Um câncer pode ser causado por uma pancada.

- Todo nódulo ou tumor se transformará em câncer.

Verdades

- Falta de vitamina D pode aumentar os riscos de desenvolvimento de câncer de mama.

- HPV está relacionado ao desenvolvimento de tumores no ânus, e nos órgãos da região da cabeça e do pescoço.

- Consumo de álcool e tabaco elevam as chances de desenvolvimento da doença.

- Ter filhos mais tarde (após os 30 anos) aumenta os riscos de desenvolvimento de câncer de mama.

- Quanto maior a idade, maiores as chances de desenvolvimento de um câncer. Mas isto não significa que jovens não estejam sujeitos à doença.

- Homens também podem ter câncer de mama.

- Câncer tem cura. Quanto mais cedo for diagnosticado, maiores são as chances de curá-lo.

Fonte: Bem Estar

Obesos no mundo superam famintos

Número de obesos no mundo supera o de famintos. Enquanto 925 milhões estão desnutridos, 1,5 bilhão de pessoas são obesas. Segundo nota, excesso de nutrição mata mais que a fome hoje.

O número de pessoas obesas supera o de famintos no mundo, mas o sofrimento dos desnutridos está aumentando, em meio a uma crescente crise alimentar, alertou a Cruz Vermelha Internacional nesta quinta-feira (22).

O grupo humanitário, com sede em Genebra, dá destaque ao tema nutrição em seu relatório anual World Disasters Report, divulgado em Nova Délhi, que se volta para o abismo entre ricos e pobres e aos problemas causados pelo aumento recente dos preços.
Em estatísticas usadas para ilustrar o acesso desigual à comida, a Cruz Vermelha assinala que 1,5 bilhão de pessoas sofriam de obesidade no mundo no ano passado, enquanto 925 milhões estavam desnutridas.

"Se a livre interação entre as forças do mercado produziram um resultado em que 15% da humanidade passam fome, enquanto 20% estão obesos, alguma coisa deu errado", disse o secretário-geral, Bekele Geleta.

O diretor para a Ásia e o Pacífico, Jagan Chapagain, em entrevista coletiva na capital indiana, assinalou que "o excesso de nutrição, atualmente, mata mais do que a fome".

O problema da fome existia não porque faltava comida no mundo, lembrou Chapagain, mas por causa de falhas na distribuição, do desperdício, e do aumento dos preços, que tornou os alimentos inacessíveis.

O preço dos alimentos deu um salto global em 2011, aumentando os temores de um retorno da crise de 2008, que levou a distúrbios e à instabilidade política em vários países.

O aumento do preço dos alimentos, que a Cruz Vermelha diz se dever à especulação e às mudanças climáticas, entre outros fatores, contribuiu para a instabilidade no norte da África e no Oriente Médio este ano. "Uma nova rodada de inflação está puxando muitas das pessoas mais pobres do mundo para a pobreza extrema, e para situações de fome severa e desnutrição", alerta a organização.

O World Disasters Report é uma publicação anual da Cruz Vermelha Internacional que procura dar destaque a um tema que gere preocupação em todo o mundo. O relatório do ano passado concentrou-se na urbanização, e o de 2009, no vírus HIV.

Fonte: AFP- 22/9/2011.